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Candidata recua. Pedroso não votava PS em Loures. CDS exige retirada de confiança

Este artigo tem mais de 5 anos

Sónia Paixão tenta recuar no que disse ao Observador. Ex-ministro não votaria PS em Loures por candidata admitir coligação com André Ventura. CDS exige que Costa retire confiança. BE critica PS e CDU.

O ex-dirigente socialista Paulo Pedroso escreveu no Facebook que não votaria no PS se vivesse em Loures, em reação às declarações de Sónia Paixão, a candidata do partido, que admitiu o apoio de André Ventura, do PSD, para formar executivo, como o Observador noticiou esta quinta-feira : “Se esta notícia se confirmasse verdadeira e eu fosse eleitor em Loures já são três os partidos em que não votaria”, escreveu o antigo ministro do PS (Pedroso acrescentaria depois um link para o “esclarecimento” de Sónia Paixão ao seu post, sem, no entanto, alterar o texto inicial). O Bloco de Esquerda também já reagiu a dizer que só o voto no BE não leva “a direita ao colo” para o município, e o CDS exige que António Costa retire a confiança política a Sónia Paixão ou peça desculpa a Pedro Passos Coelho.

Sónia Paixão tentou recuar no que disse ao Observador, ao escrever um “esclarecimento” na sua página do Facebook, sem nunca desmentir ter dito a frase em causa: “Em caso algum admito fazer coligação com o PSD e muito menos com André Ventura”.

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A candidata escreve ainda: “O título da notícia do Observador é abusivo na medida em que nunca expressei essa intenção”.

Na verdade, o título expressa apenas o que a candidata disse, de facto, ao Observador. Durante uma conversa telefónica, a socialista — diretora do Departamento de Desporto na Câmara Municipal de Lisboa –, explicou que o PS em Loures apoiou uma gestão comunista durante muitos anos e que, em 2001, esteve na liderança do município coligado com a CDU. Havia um histórico de coligações com partidos no concelho, o que também incluía o PSD que se aliou ao PS quando a meio daquele mandato (2001-2005) a CDU saiu do executivo.

Quando o Observador lhe perguntou se, ganhando a câmara, o PS poderia voltar a fazer uma coligação com o PSD como no passado — mas agora com André Ventura –, Sónia Paixão admitiu essa possibilidade e respondeu tal como está no artigo publicado na quinta-feira:

Acho que o André Ventura pode dar um bom vereador, nunca um bom presidente da câmara”.

A candidata socialista argumentou ainda, no seu post, que concorre a “presidente da Câmara de Loures”, enquanto “André Ventura concorre a vereador”. E acrescenta: “Quem está coligado com o PSD é a CDU e Bernardino Soares. Aliás, a CDU não afastou a possibilidade de manter a atual coligação com o PSD, adiando a decisão para depois das eleições”.

Ricardo Leão, presidente da concelhia do PS de Loures fez um comunicado esta sexta-feira, a manifestar-se contra qualquer eventual coligação com o PSD:

Na qualidade de Presidente da Comissão Política Concelhia de Loures do PS e sobre as recentes notícias vindas a público, tenho a informar que sou frontalmente contra qualquer tipo de coligação com esta direita xenófoba, com este PSD e em particular com este candidato André Ventura.”

Bloco critica CDU e diz que todos levam direita ao colo

O candidato do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, escreveu na sua página do Facebook que “só o voto no Bloco de Esquerda não leva a direita ao colo para o governo de Loures”. E recorda que o Bloco desafiou, “diversas vezes, as restantes candidaturas a serem claras sobre o assunto, propondo que, em nome da democracia, se fechasse a porta da governação à extrema-direita laranja no concelho de Loures”.

A seguir, atacou não só o PS mas também a CDU, porque “não rejeitam coligar-se com o PSD e com André Ventura, admitem-no”.

A candidata do PS, Sónia Paixão, chega mesmo a ponto de dizer que André Ventura daria um bom vereador (!). Mas algum cidadão democrático ou de esquerda se sente confortável com a ideia de poder ter um militante de extrema-direita a integrar o governo do seu concelho? Com um profeta do ódio, defensor da pena de morte… Não aprendemos nada com Trump e Le Pen?”

CDS exige que Costa retire confiança política a Sónia Paixão

Pedro Pestana Bastos, candidato do CDS lançado depois de Assunção Cristas ter saído da coligação e de se ter demarcado das declarações de André Ventura sobre os ciganos, fez um comunicado na noite de quinta-feira a exigir que o PS retirasse a confiança política a Sónia Paixão ou pedisse “desculpa” a Pedro Passos Coelho.

Loures. Candidata do PS admite coligação com André Ventura

O CDS recorda que a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, “exigiu que o PSD retirasse o apoio político ao candidato do PSD, André Ventura, no seguimento das declarações que consideradas xenófobas e racistas”. E lembra que, “na mesma ocasião foram feitos pelo PS ataques ao Presidente do PSD que foi acusado de ser racista por deputados do PS, designadamente pela Deputada Isabel Moreira”

Perante as declarações de Sónia Paixão ao Observador, o CDS diz que “das duas uma”:

  1. Ou o PS pede desculpa ao PSD e a Pedro Passos Coelho pelas declarações que fez e sustenta politicamente as declarações da sua candidata Sónia Paixão;
  2. Ou em alternativa o PS demarca-se das declarações e não pode deixar de retirar a confiança política à sua candidata que declarou a disponibilidade para se coligar com o candidato André Ventura.

Pestana Bastos escreve ainda que “o CDS nunca se coligará com o PCP e nunca se coligará com uma candidatura do PSD liderada pelo dr. André Ventura. Seremos oposição firme e não abdicaremos de usar todos os nossos direitos”.

Notícia atualizada a 25 de agosto, às 16h50 com o comunicado de Ricardo Leão, presidente da concelhia do PS de Loures.

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