A Casa Branca já tem um plano para substituir Rex Tillerson, que terá chamado “imbecil” a Donald Trump. O secretário de Estado entrou em rutura com Donald Trump nas últimas semanas e, segundo o New York Times, a estratégia passa por afastar Tillerson nas próximas semanas, substituindo-o por Mike Pompeo, atual diretor da CIA. Fontes da Administração Trump, citadas pelo New Times, revelam que o plano é que o senador republicano do Arkansas, Tom Cotton, ocupe o lugar de Pompeo na CIA.

As mesmas fontes não confirmaram ao New York Times se Trump já tinha aprovado este plano — desenhado pelo chefe de gabinete da Casa Branca, John F. Kelly — mas revelam que o presidente norte-americano estará desiludido com Tillerson e que está igualmente preparado para fazer mudanças no Departamento de Estado. Esta quinta-feira após uma reunião na Sala Oval com o príncipe do Bahrain Salman bin Hamad al Khalifa, o presidente dos EUA recusou-se a esclarecer se quer afastar o secretário de Estado. Questionado por um jornalista sobre o assunto, limitou-se a dizer: “Ele está aqui. O Rex está aqui“.

De acordo com o plano de Kelly, as mudanças aconteceriam no final de 2017 ou no início de 2018, mas Trump tem-se mostrado relutante em despedir membros da administração de uma forma direta: prefere que sejam os seus mais próximos colaboradores a saírem pelo próprio pé. Se necessário, claro, pressiona. A divulgação deste plano desenhado a partir da Casa Branca está ser visto pela imprensa norte-americana como um sinal para Tillerson saber que está na hora de se demitir.

A saída de Tillerson acabaria com um mandato turbulento de Tillerson desde que lidera o departamento de Estado. O antigo presidente executivo da petrolífera norte-americana ExxonMobil tem sido completamente marginalizado por Trump. O secretário de Estado e o presidente estiveram em desacordo em questões importantes para o país como o acordo nuclear com o Irão, o conflito diplomático com a Coreia do Norte ou as relações com os aliados no Médio Oriente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Pelo meio, Tillerson terá dito em privado que Trump é um “imbecil” — algo que foi noticiado, mas que o secretário de Estado nunca desmentiu. Trump criticou Tillerson, mas publicamente, acusando-o de “desperdiçar o seu tempo” ao tentar, pela via diplomática, dialogar com a Coreira do Norte.

Mesmo para a equipa de Tillerson, a saída do secretário de Estado já é esperada há muito, correndo nos corredores da Casa Branca que é apenas por uma questão de “dignidade” que se prolonga no cargo. Se ficasse até ao final do ano, não pareceria tão mal publicamente. Ainda assim, se sair no fim de 2017, Tillerson será o secretário de Estado que menos tempo teve no cargo dos últimos 12o anos (se se excetuar a mudança de presidentes).

De acordo com o New York Times, na Casa Branca a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki R. Haley, chegou a ser apontada como a provável sucessora de Tillerson, mas Pompeo é agora considerado o favorito para esta sucessão.

Pompeo, que esteve ao longo de três mandatos no Congresso, terá impressionado Trump com os seus relatórios diários de inteligência, tendo-se tornado um conselheiro político de confiança, muito para além das suas atribuições como diretor da CIA. Até sobre cuidados de saúde Trump ouve Pompeu. Na CIA, há agentes descontentes pela alegada politização que faz do cargo.

Quanto a Cotton, que é apontado para substituir Tillerson, foi o grande apoiante de Trump no Senado em questões como a Segurança Nacional e a imigração. Sobre o assunto, Caroline Rabbitt Tabler, porta-voz de Cotton, afirmou: “O foco do senador Cotton é servir os interesses dos cidadãos do Arkansas no Senado”.

A escolha de Tillerson foi, desde o princípio, um risco e uma experimentação. Nunca antes um Presidente nomeou um secretário de Estado sem experiência prévia no Governo, na política ou nas Forças Armadas. Trump disse então que ele próprio também não tinha experiência militar nem governamental e acreditava que Tillerson podia converter as suas competências no mundo empresarial (esteve 41 anos na Exxon Mobil) para a diplomacia internacional.

O conflito entre Tillerson e Trump teve mais um episódio na última semana, quando foi decidido que seria Ivanka, a filha de Trump, a representar os EUA na Cimeira de Empreendedorismo (que começou na terça-feira e termina esta quinta-feira na Índia). Contrariado e para demonstrar o seu descontentamento, o secretário de Estado não nomeou qualquer diplomata para acompanhar a filha de Donald Trump. Terá os dias contados na Casa Branca.

Ivanka vai à Índia em representação do pai. Rex Tillerson não gostou e recusou mandar uma equipa de diplomatas a acompanhá-la

Notícia atualizada às 19h33 com a resposta de Trump à saída da Sala Oval e a correção sobre o género de Nikky R. Haley, que aparecia erradamente referenciada como “embaixador” e não como “embaixadora”.