O Reino Unido ficará pior fora da União Europeia em qualquer cenário considerado plausível pelo próprio governo britânico, de acordo com um estudo confidencial que foi realizado pelo governo inglês para estudar os impactos do Brexit na economia britânica. O estudo foi dado a conhecer esta segunda-feira pelo Buzzfeed.

Depois de uma campanha intensa e polémica que levou ao ‘sim’ no abandono do Reino Unido da União Europeia, o governo mudou e os que defendiam a saída acabaram por assumir cargos governamentais, sendo o caso mais proeminente o de Boris Johnson, antigo presidente da câmara de Londres que atualmente desempenha o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros.

No entanto, e apesar dos vários pedidos dos grupos políticos e da comunicação social, o governo de Theresa May tem-se recusado divulgar a análise ao impacto do Brexit na economia. Esta segunda-feira, o Buzzfeed dá a conhecer os resultados de um estudo com data de janeiro de 2018, indicando que em qualquer um dos três cenários mais plausíveis — em que o Reino Unido consegue um acordo de livre comércio abrangente com a União Europeia, um Brexit sem qualquer acordo, ou um Brexit com o Reino Unido a continuar no mercado único –, o governo britânico antecipa que o Reino Unido estará pior num prazo de 15 anos do que se continuasse na União Europeia.

Sem um acordo com a União Europeia, a situação seria ainda mais negra. De acordo com a análise do governo britânico, o crescimento económico cairia 8%, em comparação com as atuais projeções. Mesmo continuando no mercado único, o melhor dos mundos num cenário de Brexit — e que a União Europeia já rejeitou –, a economia cresceria menos 2% que o previsto.

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A partir do momento em que o Reino Unido sair da União Europeia estará sujeito às regras da Organização Mundial do Comércio. Sem um acordo com o bloco, e com os restantes países, a economia britânica fica sujeita a condições mais duras nas transações com os países, incluíndo tarifas mais pesadas sobre as suas exportações.

Na análise feita pelo governo britânico, mesmo com a assinatura de acordos de comércio, a melhoria do crescimento não seria muito expressiva. No caso de um acordo com os Estados Unidos, parceiro tradicional do Reino Unido e a maior economia do mundo, a economia só cresceria mais 0,2% que num cenário de ausência de acordos, o mesmo em que estaria a crescer menos 8%.

O mesmo documento prevê que os quase todos os setores da economia fiquem pior do que estão em todos os cenários contemplados. Os mais afetados são precisamente onde estão os trabalhadores com menos qualificações e que se aponta que tenham sido os que votaram a favor desta medida, em setores como a indústria, retalho, automóvel, bebida e restauração. Só a agricultura não seria afetada negativamente pela saída da União Europeia.