Um é “frio e objetivo”, o outro é “hábil no contra-ataque” e “próximo das pessoas”. Um tem o karma de ser “o homem das más notícias”, incapaz de “criar o sonho e a esperança”. O outro é “tenso” e “tem dificuldades em lidar com as críticas”. É a primeira vez que se encontram frente a frente, mas nenhum é caloiro no ringue.
De um lado, Pedro Passos Coelho, o primeiro-ministro em funções que sobreviveu a três anos de troika e que leva consigo a experiência de um debate tenso contra o “animal feroz” em 2011. Do outro, António Costa, o líder do PS que ganhou o partido há menos de um ano e que leva para dentro de estúdio um longo treino de comentário político na televisão e uma maratona de debates contra António José Seguro nas primárias do ano passado. Quais vão ser os trunfos e fragilidades de cada um?
Luís Bernardo conhece-os bem. Ex-assessor de José Sócrates durante os seis anos que esteve em São Bento, foi um dos estrategas que esteve por detrás do ex-primeiro-ministro no debate contra Passos em 2011 e, mais tarde, foi também um dos conselheiros de António José Seguro nos três debates que travou em setembro contra Costa. Defrontou, por isso, um e outro em diferentes ocasiões. E conhece-lhes as manhas. Ao Observador, o especialista em comunicação analisou em perspetiva como é que os dois políticos se comportam na arena e como é que podem, ou não, sair vencedores.
Comecemos pelo candidato desafiador.
Entre a habilidade política e o excesso de sobranceria
Licenciado em Direito e com uma vasta experiência governativa – entre o Ministério da Justiça, o Ministério da Administração Interna e a tutela dos Assuntos Parlamentares, sem esquecer a presidência da câmara de Lisboa -, António Costa chegou à liderança do PS no final do ano passado com a missão de construir uma alternativa sólida ao governo de direita. As expectativas criadas à sua volta envolveram-no numa nuvem quase sebastianista – e essa é talvez a sua maior fragilidade. “É um candidato sobrevalorizado”.
“Começou a haver uma sobrevalorização em relação à figura de António Costa e isso projeta-se nos debates em que participa”, nota o ex-assessor de Sócrates para a comunicação, afirmando que isso foi visível no primeiro debate contra António José Seguro na campanha para as primárias internas.
No primeiro round, Seguro foi a jogo bem preparado e com a narrativa bem escolhida: acusar o adversário de “traição” e “deslealdade”. O trunfo foi suficientemente forte para encostar António Costa às cordas, obrigando-o a jogar à defesa. Luís Bernardo, que esteve ao lado de Seguro na preparação daqueles confrontos, não tem dúvidas de que o que fez Costa perder o primeiro debate foi “o excesso de sobranceria”. “Perdeu por excesso de sobranceria, não preparou bem, não valorizou o suficiente o adversário” – erro número um.
O erro serviria de lição, e o próprio António Costa admitiu mais tarde, em entrevista à Antena 1, que, se pudesse voltar àquele dia, teria feito diferente: “Teria sido menos condescendente”, disse. No último debate já tinha a sua própria narrativa estruturada e isso, notou-se, fez a diferença. Com o argumento de que Seguro estava sozinho naquela luta, partiu para o ataque e lembrou os parcos resultados do PS nas autárquicas e nas europeias. Ao mesmo tempo, precaveu-se contra os ataques, rejeitando desde logo a ideia de que tivesse andado a contar espingardas e a fazer oposição dentro do partido. A narrativa, desta vez, tinha sido estudada e era clara: “Tu estás desde pequeno a querer ser secretário-geral do PS, mas eu vejo os cargos políticos como uma missão”. A partir daí foi tentar não desviar muito da linha escolhida.
Um risco: tensão e falta de poder de encaixe
O caminho que os debates contra Seguro tomaram viria a ser outro. É certo que em Portugal é raro ver duelos entre duas personalidades do mesmo partido, que em termos de conteúdo e ideias políticas não têm como discordar, mas os confrontos televisivos entre Costa e Seguro acabaram por ficar marcados por idiossincrasias muito próprias. A meio da maratona os dois candidatos começaram a tratar-se por ‘tu’ e a virar o jogo para os ataques pessoais. Isso, diz Luís Bernardo, deixou a descoberto uma das principais fragilidades de Costa na arena política: a dificuldade de enfrentar e aceitar as críticas.
“Nos debates nota-se que António Costa tem dificuldades em lidar com a crítica porque a pessoaliza. Quando o criticam do ponto de vista político ele entende como críticas a si próprio. Viu-se isso no debate com Seguro: Costa entendeu que era um ataque pessoal o facto de Seguro o acusar de não ter conteúdo político, mas ali era só uma questão de poder”, diz.
A tensão é outro ponto a sublinhar. Para Luís Bernardo, Costa transmite alguma tensão ao “forçar uma simpatia que não lhe é natural” – quando se esforça, “até o sorriso se torna tenso”. Costa corre, por isso, maior risco de se exaltar do que o seu adversário, mas os vários anos de experiência política que leva na bagagem já o fizeram aprender truques para contornar o feitio: usar a sua “tradicional bonomia” para ultrapassar os momentos mais tensos e sair por cima, aponta Luís Bernardo. Ou seja, contornar a questão com uma brincadeira ou um quebra-gelo aqui ou ali.
A ideia, em jeito de conselho, é manter o corpo firme e ao mesmo tempo relaxado, para transmitir confiança e segurança, mas não preocupação. Costa tem pelo menos sete anos de experiência à frente das câmaras, tendo feito parte do painel de comentadores da Quadratura do Círculo – mas uma coisa é ser comentador, outra diferente é ser candidato a primeiro-ministro. “A forma como o telespectador vê o comentador é diferente da forma como vê o candidato”, nota Luís Bernardo. A exigência é outra, os pré-conceitos também. O que quer dizer que, se Costa usar os “vícios” de comentador e chegar ao estúdio no Museu da Eletricidade com essa postura, então será um ponto a menos em seu favor.
De resto, pode ainda pesar contra si a narrativa do “regresso ao passado” e a “desilusão” por não ter conseguido descolar das sondagens. O mau arranque da pré-campanha, nomeadamente com a polémica dos cartazes, também deverá fragilizar Costa na hora do confronto em direto na TV. E a cartada da Grécia (que divide os socialistas), na opinião daquele especialista em comunicação política, ainda é válida como o Às de trunfo da coligação.
Dois trunfos: proximidade ao eleitorado e áurea de vencedor
Talvez os tempos em que António Costa era conhecido por gozar de “boa imprensa” já tenham visto melhores dias, mas há heranças dessa altura que ainda perduram e que serão certamente aproveitadas por Costa para jogarem a ser favor. A governação em Lisboa, e a forma como durante os últimos oito anos conseguiu manter um Executivo estável sem ficar com a imagem desgastada junto da população, é uma delas.
Presidente da Câmara desde 2007, António Costa goza de um trunfo que pode fazer a diferença no contacto com o eleitorado e nos momentos onde estiverem em discussão as implicações diretas da política na vida dos portugueses. “Tem uma grande experiência política na gestão de proximidade e uma grande ligação aos temas que dizem mais às pessoas”, defende Luís Bernardo, sublinhando a “forte ligação de Costa ao património social do PS (Educação, Saúde, Segurança Social). Há uma identificação direta entre Costa e as políticas sociais”.
Outro trunfo: apesar do mau arranque na pré-campanha e do síndrome de desilusão, Costa ainda tem uma “áurea de vencedor” – em parte construída com base na ideia de que tirou o lugar a Seguro para ser capaz de tirar o lugar a Passos. “Costa ainda é para uma parte importante do eleitorado do centro-esquerda o resto da alternativa e do descontentamento”, diz.
As sondagens, contudo, não confirmam esse trunfo. Depois de sucessivos empates, o mais recente estudo de opinião (divulgado esta quarta-feira pelo Jornal de Negócios) dá 5,6 pontos de vantagem à coligação PSD/CDS.
Passos, objetivo mas incapaz de sonhar
Passos Coelho é, por norma, um adversário “subvalorizado” e esse “é um erro que tem sido cometido há muito tempo”, diz Luís Bernardo, que se recorda bem da preparação do último debate Passos-Sócrates há quatro anos, onde havia a percepção de que o inexperiente Pedro Passos Coelho era “frágil” e tinha perdido o debate anterior contra Paulo Portas (na altura o PSD precisava de roubar tantos votos quanto possível ao CDS). “Nós procurámos sempre encará-lo como um adversário à altura, primeiro porque tinha as circunstâncias de um fim de ciclo a seu favor, e, depois, porque tem mais qualidade do que se pensa do ponto de vista da forma objetiva como encara os debates. Sabe muito bem o que tem a dizer, e sabe defender-se”.
É “frio e objetivo”, e isso joga a seu favor nos tempos difíceis que correm. A frieza pode ter-se aprimorado nos últimos quatro anos, mas no debate contra o então primeiro-ministro José Sócrates já dava sinais de si. Nos momentos de maior tensão e atropelamento de vozes, era Sócrates quem levava a melhor. Ria alto ou falava alto para não se deixar interromper. E quando era assim, Passos esperava. Ensaiava sorrisos e procurava virar o jogo para si quando via uma aberta. “Na altura não nos surpreendeu, mas reconhecemos que esteve bem”, diz Luís Bernardo. “Na primeira parte, Sócrates tentou condicionar o debate levando-o para os temas que queríamos, e, de facto, no primeiro terço esteve-se a discutir mais o programa do PSD do que o julgamento da governação, mas depois Passos soube dar a volta”, lembra.
Uma das jogadas de Passos, na altura, foi ler declarações antigas de Sócrates, citadas na imprensa, para mostrar os desvios de opinião ou as “mentiras”. Agora, fonte próxima diz ao Observador que não vai levar documentos para o debate, só “um papel em branco e uma caneta”, mas vai seguir a mesma tática – centrar as atenções no que tem dito o adversário. Em troca, Passos ouvia de Sócrates que estava a fugir à discussão sobre o seu próprio programa refugiando-se nas acusações ao PS. Ou ouvia tiradas como “o senhor diz mal de tudo, até das boas notícias”. Argumentos que soam a familiar na campanha que corre. Mas ao contrário. Os papéis invertem-se, com o social-democrata a sentar-se na cadeira do adquirido, e o socialista a sentar-se na cadeira da alternativa, do desafiador.
Com uma diferença: “Na altura as circunstâncias eram muito difíceis e sabíamos que quase toda a demagogia que ele [Passos] pudesse utilizar seria facilmente aceitável”, lembra Luís Bernardo, admitindo no entanto que houve um certo erro na gestão das expectativas – é que Sócrates era o “animal feroz”, habituado a triunfar nos frente a frente, por isso qualquer deslize seria derrota. Agora não é bem assim, e não vale tudo. Na semana passada, durante a apresentação dos candidatos da coligação pelo círculo de Lisboa, Passos disse mesmo que, desta vez, a coligação “não tem de fazer o caminho para as legislativas com demagogia”, e a lógica é essa. Para Luís Bernardo, desta vez Passos tem “provas dadas” e “um foco narrativo muito consolidado”. Isso, a juntar-se ao facto de a coligação estar com uma confiança acrescida devido à dinâmica de recuperação das últimas sondagens, faz com que Passos se possa sentar confortavelmente na sua cadeira, sendo, por isso, um adversário a temer.
“Passos tem a imagem de pessoa comum e muitas vezes surpreende porque diz aquilo que não se espera que um político diga. Tem a sua agenda e transmite-a. Se gostam, gostam, se não gostam, não gostam. Isso ele faz bem”, diz o consultor de comunicação.
Um risco: Não passar mensagem de esperança e “pintar o país de cor de rosa”
Não um adversário invencível, contudo. O calcanhar de Aquiles é grande, e é aí que Costa deve tocar. “A imagem de Passos, de rosto fechado, seco, compenetrado, é boa para os tempos que correm, mas não permite passar qualquer mensagem de esperança”, diz ao Observador o antigo estratega de Sócrates, que foi também assessor de António Guterres em São Bento. Desgastado de quatro anos à frente de um Governo que obrigou Portugal a apertar bastante o cinto, o que pode prejudicar Passos Coelho na quarta-feira à noite é sobretudo a sua “dificuldade de mobilizar um projeto de futuro”. Ou seja, corre o risco de apostar as fichas todas no passado e descurar do futuro.
“Passos nunca será um político para galvanizar o país, como aconteceu com um Guterres, um Sócrates ou até um Cavaco em determinada altura da sua vida – eles conseguiram mobilizar o país. A Passos falta-lhe essa capacidade mobilizadora”, defende Luís Bernardo.
Mas há mais fragilidades de Passos que deverão saltar à vista no estúdio que esta quarta-feira será montado no Museu da Eletricidade: o “excesso de confiança”, associado à “hipervalorização” dos pequenos bons resultados, que o pode levar a tropeçar no risco de “pintar um país demasiado cor de rosa” quando a maior parte dos telespectadores ainda vê um país cinzento. E a imagem de “mentiroso”, de alguém que ganhou as eleições em 2011 com promessas nunca cumpridas. Um argumento que pode pesar numa faixa importante da população, como a classe média, os funcionários públicos e os pensionistas, que sentiram na pele o efeito das promessas não cumpridas.
Ainda que isso dependa de uma questão: Que Passos vai a debate? O Passos candidato ou o Passos governante? “Passos foi melhor governante do que candidato, por isso acredito que vai aparecer na televisão na qualidade de governante”, responde o ex-assessor do PS. Esse é o seu trunfo. Mas, paradoxalmente, é também a sua fragilidade: o peso de uma governação rígida e austera retira-lhe capacidade para pôr os portugueses a “sonhar”.
Fugir das perguntas? Costa mais hábil, Passos vai a jogo
No que à habilidade retórica diz respeito, António Costa tem por vezes “dificuldades de dicção e tendência para saltar palavras no meio do raciocínio”, nota Luís Bernardo, sublinhando ao mesmo tempo que é um político “mais hábil do que Passos” na tarefa de contornar as perguntas. Já Passos procura mais vezes “ir a jogo”, o que pode aumentar o risco de deslizes.
Uma coisa é certa, ambos são políticos experientes e ambos tenderão a responder só àquilo que querem. Uma vitória esmagadora de um deles é, dir-se-ia, um cenário improvável. Para Luís Bernardo, o segredo está na ideia de futuro: aquele que conseguir projetar melhor a sua ideia para o futuro sai vencedor.
Os temas. Costa quer o Estado social, mas ‘Sócrates’ é certo
Os temas do debate já foram escolhidos pelos jornalistas das três estações de televisão – SIC, TVI e RTP. Cada um fica a cargo de cerca de três dossiês temáticos, colocando as perguntas a um e outro alternadamente da forma que entenderem. Só há uma regra: quem responde tem de o fazer em 2 minutos e meio, e o outro tem direito a uma réplica de um minuto e meio. O tempo vai ser cronometrado, pelo que a palavra de ordem é síntese. Ir direto ao ponto, em bom português.
Passos tem a estratégia afinada. Falar do passado, com o enfoque no ano de 2011 e na herança socialista. A ideia é apostar no que o adversário tem dito, centrar as atenções no outro lado da barricada e não desviar uma vírgula na narrativa há muito decidida: Não fomos nós que chamámos a troika, mas fomos nós que a mandámos embora. Nós somos o certo, eles são o incerto. Eles são os aventureiros, que podem levar Portugal a um novo resgate, nós temos provas dadas. “Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”, diria Portas.
Com o guião feito e uma bagagem acumulada de quatro anos de governação, entre os mais próximos de Passos reina a confiança e a serenidade em relação ao primeiro duelo entre os dois candidatos a primeiro-ministro. “Domina todos os dossiês” e os números, esses, leva-os na cabeça. De resto, quanto menos treino melhor. O truque é ser genuíno, não forçar o excesso de olhares para a câmara nem ir com sound bites na manga.
Quanto a Costa, com o programa na mão, o cenário macroeconómico e ainda um estudo sobre o impacto financeiro, acredita que não lhe faltam números para mostrar que tem “contas certas”. A confiança que a sua equipa quer transparecer é a mesma. “Tenho as minhas ideias claras, arrumadas, temos um programa feito, as contas certas, portanto, por mim o debate até pode ser já”, disse na segunda-feira aos jornalistas em Lamego.
O líder do PS chegou a ter uma sessão de media training com o amigo António Cunha Vaz, onde terá recebido conselhos e procurado simular um cenário de entrevista, mas o discurso dos seus mais próximos é de que Costa é um político experiente e que os quilómetros de estrada que tem percorrido para estar em contacto com a população são a melhor preparação que podia ter para o embate. Mais a mais, conta com sete anos de Quadratura do Círculo, que lhe dão o à vontade necessário para estar à frente das câmaras.
Os temas, esses, não são difíceis de adivinhar. “É preciso apostar tudo na criação de emprego digno, de qualidade, com futuro, que permita não só combater o desemprego, como fixar as novas gerações que são fundamentais ao desenvolvimento do país”. “Isso é que preocupa as pessoas e tenho a certeza de que é sobre esse tema que o debate se há de centrar”, disse Costa numa ação de campanha na segunda-feira. Ou seja, emprego, segurança social, pensões, emigração. O Estado social e as histórias da vida real vão ser as suas cartas preferenciais.
Mas entre os vários temas incontornáveis, das questões sociais ao sistema financeiro, há um que Costa preferiria contornar mas a que não pode fugir. José Sócrates. Haverá pelo menos uma pergunta sobre Sócrates e o impacto que o caso judicial poderá ter no dia 4 de outubro, o que quer dizer que todos os minutos usados nesse capítulo serão tempo ganho para Passos – só pelo facto de o elefante na sala ser notado -, e tempo que Costa deverá perder a chutá-lo para canto sem tropeçar.
Poder-se-á dizer que Passos parte em vantagem para o duelo desta quarta-feira. É o atual detentor do título – e há uma certa tendência natural para preferir o conhecido ao desconhecido. Vai caber-lhe a ele dar o tiro de partida, sendo o primeiro a falar. A Costa – o desafiador que deseja o título – caberá o encerramento. Diz-se que quem ri por último ri melhor, mas nada está garantido.
Com o empate nas sondagens a ressoar na cabeça de todos os intervenientes, Luís Bernardo acredita mesmo que este duelo televisivo pode ser “de uma relevância quase trágica”. Será a última oportunidade para Costa desmontar de uma vez por todas o foco narrativo da coligação e atacá-lo “sem piedade”. Se houver uma vitória indiscutível, servirá como “mola impulsionadora” para toda a campanha. Porque não há segundas oportunidades.
Quer dizer, haver há. Uma semana depois do duelo televisivo haverá um segundo round, nas rádios, no próximo dia 17. Poderia ser o dia certo para a desforra? Poder podia, mas não é bem a mesma coisa.