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JONATHAN NACKSTRAND/AFP/Getty Images

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Vacinar ou não vacinar as crianças? Vale a pena perguntar?

23 casos de sarampo levam o diretor-geral de Saúde a admitir uma epidemia. DGS alerta para a necessidade de se vacinar as crianças. Neste artigo ouvimos os argumentos de quem vacina e não vacina.

(Este artigo foi inicialmente publicado a 22 de março de 2015 na sequência da moda anti-vacinação na Europa e nos EUA e foi atualizado esta segunda-feira, 17 de abril, depois de o diretor-geral de Saúde ter admitido a existência uma epidemia de sarampo em Portugal)

“Assim que nascem, as crianças recebem logo vacinas. É dar doenças para que os corpos consigam reagir e ganhar imunidade. Isto é uma aberração”. Ágata Mandillo não se arrepende da escolha que fez. É mãe de duas meninas de 12 e nove anos que não são vacinadas, de todo. “Para mim, não é óbvio dar vacinas só porque sim”, explica ao Observador, defendendo o “mínimo de interferências artificiais possíveis” nos corpos das filhas. Esta mãe, de 31 anos, recebeu apenas algumas vacinas na infância. A escolha, ponderada pelos pais, era muito mal vista na época, especialmente pelos avós, ambos médicos. “Era uma atitude ainda mais marginal na altura”.

As filhas de Ágata Mandillo fazem parte de uma minoria em Portugal, que tem uma das maiores taxas de vacinação do mundo. Mas os movimentos de antivacinação na Europa e nos Estados Unidos têm mostrado que consequências podem ter a recusa vacinal. Nos Estados Unidos, há pelo menos sete surtos distintos de sarampo espalhados por diversos Estados e, no final do mês de fevereiro, morreu uma criança na Alemanha vítima desta doença. A Alemanha é um dos países em que a taxa de vacinação contra o sarampo está abaixo da recomendada pela Organização Mundial de Saúde.

Os pais devem procurar informar-se sobre a vacinação, afirma ao Observador o presidente da Comissão de Vacinas da Sociedade de Infecciologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SIP/SPP), Luís Varandas. “No entanto, é preciso ter algum cuidado com o que se lê e onde se lê”, alerta. “Existe muita informação falsa a circular que os pode deixar algo confusos.” O médico não conhece nenhum pediatra que desaconselhe o uso de vacinas, nem encontra justificação para que isso pudesse acontecer.

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vacina, vacinação

@ Andreia Reisinho Costa

“As vacinas são dadas na altura mais conveniente para proteger as crianças”, explica ao Observador o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Mário Jorge Santos. A seguir à melhoria da qualidade da água e do saneamento básico, a vacinação é o fator mais importante para a redução da mortalidade infantil, acrescenta o médico. “A vacina corresponde a uma prioridade preventiva e é a forma de evitar doenças que sem essa vacinação podem atingir uma criança ou um jovem”, diz ainda o pediatra João Gomes Pedro. “Vivemos cada vez mais uma medicina preventiva destinada a evitar males maiores.”

"As vacinas do Plano Nacional de Vacinação são universais, gratuitas e não obrigatórias."
Etelvina Calé, consultora na Direção de Serviços de Promoção da Saúde e Prevenção da Doença, na Direção-Geral de Saúde

Etelvina Calé, consultora na Direção de Serviços de Promoção da Saúde e Prevenção da Doença, na Direção-Geral de Saúde (DGS), considera que, embora o Plano Nacional de Vacinação não seja obrigatório, é “fortemente recomendado”, porque é a medida que tem melhor relação custo-benefício em questões de saúde. A médica lembra que “as vacinas [do plano] são universais e gratuitas”. Isto quer dizer que todas as pessoas que residam em Portugal podem ser vacinadas, mesmo que não sejam cidadãos nacionais, sem precisarem de prescrição médica e sem pagarem nada pelas vacinas do Plano Nacional de Vacinação (PNV).

Apesar das recomendações oficiais, Ana (nome fictício), de 36 anos, também escolheu um caminho semelhante ao de Ágata Mandillo. A vida passada entre Portugal e a Holanda, país onde existem movimentos antivacinação fortes, ajudou a fomentar uma atitude crítica, pelo que a mãe de dois rapazes com 14 e oito anos optou por fazer um “percurso de vacinação próprio”, em vez de seguir o Plano Nacional de Vacinação. “Procurei entidades que não aconselham nem desaconselham a vacinação, mas que convidam os pais a tomar uma decisão responsável.” Por esse motivo, escolheu que vacinas dar e não dar aos filhos — recusou-se, por exemplo, a administrar a do sarampo.

@ Andreia Reisinho Costa

O sarampo é uma doença altamente contagiosa e sem cura, mas pode ser prevenida pela imunização com as duas doses da vacina tríplice (contra sarampo, papeira e rubéola). Na Europa, os movimentos antivacinação têm reduzido a taxa de cobertura das vacinas e aumentado os casos de sarampo em alguns países. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2008-2009 houve surtos de sarampo na Alemanha, Áustria, Bósnia-Herzegovina, Bulgária, Espanha, França, Itália e Polónia.

A Alemanha vive agora o maior surto de sarampo dos últimos dez anos, com quase 600 casos. Este surto, que causou a morte de uma criança de 18 meses há menos de um mês, já provocou um aceso debate sobre a possibilidade de tornar a vacinação compulsiva num país onde ela não é obrigatória, tal como escreve a BBC. O perigo de contágio devido à não-vacinação levou a DGS a emitir um comunicado alertando todos aqueles que decidam viajar, mesmo que para a Europa, a terem a vacina do sarampo em dia.

Também nos Estados Unidos se vive o maior surto de sarampo dos últimos 15 anos. A situação que se iniciou num parque de diversões da Disney, na Califórnia, já atingiu mais de cem pessoas desde dezembro de 2014. Esta doença tinha sido considerada eliminada dos Estados Unidos no ano 2000, mas isso não quer dizer que a vacinação possa ser interrompida, porque a doença ainda não foi erradicada do planeta. O avanço rápido do surto deve-se a falta de vacinação ou à vacinação incompleta nos sete estados afetados, segundo um estudo divulgado pelos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americano. Só desde o início deste ano, ocorreram mais três surtos – Illinois, Nevada e Washington – não relacionados com o do parque temático da Califórnia. O país tem neste momento pelo menos sete surtos distintos.

vacina, vacinação

@ Andreia Reisinho Costa

O objetivo da OMS era erradicar o sarampo até 2015, mas a meta ficou longe de ser cumprida. Em Portugal, o sarampo foi considerado eliminado em 2004 e desde essa altura todos os casos (22) foram importados ou derivaram destes (casos secundários), diz Etelvina Calé (DGS). Também nos Estados Unidos o atual surto da Califórnia poderá ter tido origem em alguém que contraiu a doença fora do país, mas a fonte ainda não foi identificada. A falta de vacinação nos países ditos desenvolvidos deve-se sobretudo a movimentos antivacinação com motivações várias, mas há países onde as crenças religiosas têm impedido a vacinação das crianças, como a Nigéria, o Afeganistão ou o Paquistão – os únicos países endémicos de poliomielite.

“Não vacinar é um ato de negligência”

Embora não se conheçam, as razões que levam as duas mães a ser adeptas da não-vacinação são semelhantes. Ana alega falta de confiança nas vacinas e questiona a sua composição, com receio que sejam tóxicas. Lembra também um estudo que relacionou a vacina do sarampo com problemas intestinais nas crianças e com o aparecimento do autismo. Já Ágata Mandillo diz que, para ela, “a ciência ainda não conseguiu provar que as vacinas fazem bem nem que não fazem mal”.

A ideia de que os excipientes das vacinas são tóxicos não são mais do que uma “crendice”, diz o médico de saúde pública Mário Jorge Santos. Esses componentes têm pouca interação com o organismo. “São escolhidos porque são os mais seguros.” O pediatra João Gomes Pedro atribui esses receios a “várias fantasias e medos”, sobretudo quando se associa as vacinas ao autismo sem que haja “qualquer evidência científica que relacione as duas coisas”.

A ligação entre o autismo e a vacina tríplice, que inclui a vacina contra o sarampo, foi feita em 1998 por Andrew Wakefield num estudo publicado na conceituada revista médica Lancet. Muitos cientistas questionaram a opção de publicação de um estudo que incluía apenas 12 crianças e que, portanto, não poderia ser conclusivo. Ainda assim, várias equipas diferentes tentaram replicar o estudo sem nunca terem obtido o mesmo tipo de resultados. Mais tarde descobriu-se que os dados apresentados tinham sido manipulados e que o autor tinha recebido dinheiro de partes interessadas para publicar esta informação corrompida. O artigo científico foi considerado fraudulento e o autor completamente descredibilizado. Ainda assim, há quem continue a usar esta publicação para fazer valer os seus argumentos.

“Prefiro que o meu filho tenha a doença do que a vacina.”
Ana (nome fictício), mãe

Na contestação das vacinas, Ana vai mais longe dizendo que acredita ser mais vantajoso para as crianças apanharem as próprias doenças do que receberem vacinas. Mas não ignora que há “doenças mais perigosas do que outras”, pelo que faz sentido que “a sociedade queira defender-se disso”. Em causa está a ideia de que o sistema imunitário deve travar uma batalha sozinho, sem a ajuda das vacinas: “Sinto que o sistema imunitário funciona bem se a pessoa se alimentar bem, fizer desporto e dormir as horas certas”. E reitera: “Prefiro que o meu filho tenha a doença do que a vacina”.

Uma pessoa que tenha uma alimentação equilibrada, faça exercício físico e mantenha um estilo de vida saudável terá um sistema imunitário melhor preparado para lidar com as infeções, concorda Mário Jorge Santos. Mas rejeita a afirmação de que ter a doença é melhor. Até porque muitas destas doenças podem matar ou provocar incapacidades permanentes. O médico diz que o efeito que uma vacina tem no sistema imunitário é equivalente ao efeito que teria uma doença, mas sem os riscos dessa doença. As reações adversas da vacinação, segundo a DGS, não vão normalmente além do inchaço, comichão e vermelhidão na zona da picada ou de uma febre passageira. Mais raramente reportam-se casos de cefaleias, choro prolongado, mal-estar ou reações anafiláticas.

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O médico de saúde pública afirma sem pudor que “não vacinar é um ato de negligência”. “Os pais têm o dever de zelar pelo superior interesse dos filhos, de garantir o bem-estar da criança.” Não vacinar os filhos não é uma opção que deva ser tomada pelos pais, “eles não são donos dos filhos”. Além de colocarem os próprios filhos em risco, os pais que optam pela não-vacinação colocam outras crianças em risco também, porque o sucesso da vacina não chega aos 100% (dependendo da vacina pode estar entre 95 e 97%). Nestes casos o que garante a proteção das crianças é a imunidade de grupo e isso só se consegue com taxas de vacinação superiores a 95% dos elementos de um grupo (por exemplo, crianças numa escola).

O pediatra Luís Varandas considera que não vacinar os filhos “é uma atitude egoísta”. Os pais que decidem não vacinar só continuam a ter os filhos em segurança porque as crianças vacinadas lhes garantem a imunidade de grupo. “Mas, a médio/longo prazo é uma atitude perigosa pois irão criar-se bolsas de crianças/adultos suscetíveis às doenças e que, se o agente infeccioso for introduzido na comunidade, poderá dar origem a surtos [da doença].”

As queixas das duas mães que escolheram não vacinar os filhos centram-se também no Plano Nacional de Vacinação. Para Ana o plano contempla muitas vacinas, razão pela qual “é uma violência muito grande” e tem interesses económicos e políticos à mistura. “Se o Estado dá as vacinas, não pode haver empresas a lucrarem com isso”, argumenta, salientando que é uma questão de ética (ou falta dela). Ágata Mandillo concorda com os mesmos argumentos e defende que o princípio das vacinas é bom. O mesmo não pode dizer do PNV.

“Confio totalmente em quem decide as vacinas do plano.”
Catarina Oliveira, mãe

Uma posição completamente oposta tem Catarina Oliveira, mãe de uma bebé com 19 meses. “Confio totalmente em quem decide as vacinas do plano.” A consultora de comunicação, de 31 anos, confessa que não seria capaz de deixar de proteger a filha através da imunização: “Sabemos que há vacinas que salvam vidas. Por alguma razão existe um plano nacional para os primeiros anos de vida.”

O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública lamenta que algumas vacinas sejam tão caras, mas admite que os custos de desenvolvimento de uma vacina podem ser muito elevados. Porque estão incluídos não só o estudo da vacina que foi aprovada, mas de todas aquelas que durante o processo tiveram de ser descartadas por não cumprirem os objetivos a que se propunham. No entanto não tem dúvidas em afirmar que na relação custo-benefício as vacinas são muito mais vantajosas. É mais barato vacinar todas as crianças do que tratar as doenças que possam vir a ter. “Como o Plano Nacional de Vacinação se compra em larga escala, as vacinas ficam muito mais baratas.”

Além do PNV existem algumas vacinas facultativas que são recomendadas por alguns médicos pediatras. Sobre essas, Mário Jorge Santos considera que é preciso avaliar se as doenças constituem realmente um perigo para a saúde pública, o custo que têm, a eficácia e os estudos que existem sobre elas. Além disso, acha que quem deve decidir sobre a saúde pública são os médicos desta especialidade. “Não me atreveria a opinar sobre como um cirurgião deveria fazer uma cirurgia.”

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Escolas ajudam à vacinação

Considerando que imunização de grupo funciona quando pelo menos 95% da comunidade está vacinada e que a maior parte destas doenças preveníveis por vacina afetam mais as crianças, o contexto escolar revela-se de particular importância. O Ministério da Educação e Ciência recomenda que seja verificado o boletim de vacinas da criança no ato da matrícula. Mas mesmo que as vacinas não estejam em dia, a criança não é impedida de ir à escola. O conselho é que os pais sejam alertados para a situação assim como as autoridades de saúde.

Ágata Mandillo e Ana acusam as escolas de “exigirem” que as crianças tenham as vacinas. “Não existe nenhuma lei que obrigue os pais a vacinar e nenhuma escola pode exigir isso”, diz Ana. “Não fazemos apenas aquilo a que somos obrigados. Temos valores mais elevados do que as obrigações”, contrapõe Mário Jorge Santos. Etelvina Calé, da Direção de Serviços de Promoção da Saúde e Prevenção da Doença, acrescenta que se trata de uma “parceria entre a educação e a saúde”, em que os pais são sensibilizados para a importância da vacinação. O médico de saúde pública refere que é importante fazer ações nas escolas onde há grupos de crianças cujos pais pertencem a comunidades que preferiam não vacinar. “Os pais que optam pela não-vacinação não estão bem informados, mas quando são elucidados preferem vacinar.”

"Mesmo que no boletim de matrícula seja indicado que o aluno não tem as vacinas em dia, tal não obsta à concretização da matrícula, sendo a situação comunicada ao aluno/encarregado de educação bem como às autoridades de saúde."
Ministério da Educação e Ciência

Catarina Oliveira nunca colocou a hipótese de não vacinar a filha e também não imaginava que fosse possível inscrever crianças na escola se não tivessem as vacinas em dia. Lembra ainda que a única pessoa que conheceu que nunca tivesse vacinado os filhos foi uma enfermeira com quem um dia se cruzou. “Ela considerava que as vacinas não eram assim tão importantes e que o organismo das crianças tinha a capacidade de se defender”, conta a consultora de comunicação. O pediatra Luís Varandas considera que “as vacinas estão a ser vítimas do seu próprio sucesso”. Como as doenças já não matam tantas pessoas como no passado, as pessoas consideram que já precisam proteger-se. Lembre-se que a varíola, a doença contra a qual foi criada a primeira vacina, foi considera erradicada pela OMS em 1980. A erradicação desta doença só foi possível graças à vacinação.

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O Observador contactou alguns agrupamentos escolares públicos e os responsáveis não se lembram de casos em que as famílias não quisessem vacinar as crianças, apenas algumas situações de vacinas em atraso por esquecimento. Tirando o encaminhando das famílias para o centro de saúde, não tem outros procedimentos previstos. E nos estabelecimentos de infância da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, ainda que a criança seja recomendada a fazer a vacinação completa, não é impedida de frequentar a escola. O único impedimento é a não-apresentação de “uma declaração médica comprovativa de como a criança pode frequentar o estabelecimento”.

Os casos de crianças que se tentam inscrever nas escolas públicas ou privadas são ainda tão raros que António Ponces de Carvalho, presidente da Associação de Jardins Escola João de Deus, nunca esteve perante uma situação destas. “Tentamos que as crianças não entrem sem ter as vacinas em dia, por uma questão de proteção da criança e dos outros.” Caso se visse numa situação em que uma família tentasse inscrever uma criança não vacinada admite que convocaria uma reunião com outros pais e pediria pareceres médicos.

O pedido de declarações médicas às crianças não vacinadas pode ser uma tentativa de salvaguarda da escola. Ágata Mandillo não gostou quando lhe pediram uma minuta “em que a pessoa se responsabilizava judicialmente pelos danos causados por aquela opção”. A jurista Paula Policarpo considera que esta atitude da escola pode ser excesso de zelo. A verdade é que, caso os pais tenham sido avisados sobre os riscos da não-vacinação, podem ser responsabilizados por um surto da doença na escola. Mas para isso é preciso provar que o surto teve origem na criança não vacinada. A jurista lembra ainda que assinar uma declaração não evita que as outras crianças da escola fiquem em risco.

“Tentamos que as crianças não entrem sem ter as vacinas em dia, por uma questão de proteção da criança e dos outros.”
António Ponces de Carvalho, presidente da Associação de Jardins Escola João de Deus

Mas não é só no acesso à escola que é exigido o boletim de vacinas. Também os candidatos a funções públicas devem ter as vacinas em dia sob pena de serem excluídos do concurso. Ao médico de saúde pública, Mário Jorge Santos, não lhe parece estranho. “Ninguém é obrigado a ser funcionário público.” E acrescenta que conhece empresas privadas que exigem aos trabalhadores não só as vacinas do PNV, mas outras. É uma forma de reduzir o absentismo no trabalho.

O certo é que, atualmente, Ágata Mandillo confessa que se sente bem com as decisões que tomou e está convencida que ambas as filhas têm um “ótimo sistema imunitário”. São duas crianças muito saudáveis, diz, que tiveram varicela e constipações. “Estou contente com as minhas escolhas, apesar do preço que tive de pagar.” A mãe refere-se ao estigma em torno da não-vacinação, contra o qual continua a debater-se hoje em dia. Porque o tema ainda é tabu.

“O que faz confusão é não haver discussão sobre isso, ser um dogma”, atira Ágata Mandillo, dizendo que é a falta de debate que faz com que algumas pessoas tomem decisões mais radicais. “A vacinação não é debatida. Faz-me confusão que ainda hoje não se consiga falar sobre isso”. A gerente do restaurante não tem pretensões de estar correta. “Fiz uma escolha e acho que devo ser respeitada por isso.”

Ana aborda o mesmo problema e fala criticamente na relação entre doutores e pacientes: “Hoje em dia pomos muito da nossa saúde na mão dos médicos e da indústria farmacêutica.” E refere que em Portugal, ao contrário da Holanda onde viveu muitos anos, existe uma cultura muito “enraizada” de tomar remédios para tudo. O pediatra João Pedro Gomes defende que a “intervenção dos profissionais de saúde não deve ser traumatizante, eles devem respeitar as opiniões e sensibilidades dos pais, mães e famílias”. Mas também considera que o papel dos profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros, passa por explicar o que é a evidência científica.

O Observador tentou contactar outros profissionais que recomendam alternativas às vacinas, como pediatras homeopatas ou homeopatas que trabalham com crianças, mas estes recusaram-se a responder alegando falta de tempo ou receio de receberem represálias dos leitores. A Associação Portuguesa de Homeopatia e a Associação para a Medicina Antroposófica em Portugal também não se mostraram disponíveis.

@ Andreia Reisinho Costa

Ainda esta semana morreu, na Austrália, um bebé de quatro semanas com tosse convulsa. Uma situação que começa a ser cada vez mais frequente também na Europa. A criança só recebe a primeira vacina contra a doença aos dois meses e os pais podem ser os principais transmissores da doença. Por isso, está em estudo a recomendação de vacinar jovens adultos para reduzir a possibilidade de passarem a doença aos filhos.

A vacinação pretende proteger ao longo da vida ou, pelo menos, durante os períodos em que as crianças e adultos estão mais sensíveis à doença. “Um mundo sem vacinas, é um mundo aterrorizador para crianças e jovens”, insiste Mário Jorge Santos.

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