As notícias sobre o crescimento económico são positivas, mas as esquerdas já estão empenhadas em estragar o que corre bem. Antes de mais, quero ser claro. O governo não tem qualquer mérito em relação ao crescimento da economia. Não é o investimento público, de resto quase inexistente, que explica o crescimento da economia. O mérito encontra-se sobretudo nos investimentos privados, nas exportações das empresas nacionais e no consumo dos portugueses. E em factores externos, como o preço baixo do petróleo, o programa de financiamento do BCE e um ciclo de crescimento na zona Euro. Devemos agradecer o crescimento da economia aos empresários e aos trabalhadores portugueses, e não ao governo.
No entanto, os partidos da geringonça já estão a trabalhar para prejudicar a economia, como mostram três casos recentes. Como resposta aos incêndios do Verão, o PCP e o BE atacaram o cultivo do eucalipto e as indústrias do papel, um sector onde Portugal lidera na Europa. O maior produtor, a Navigator, foi o segundo maior exportador nacional em 2016, atrás da Petrogal. Contribui com 3% para o total das exportações e com 1% do PIB. A Navigator cria ainda dezenas de milhares de postos de trabalho. Mas o BE e alguns sectores do PS acabariam de bom grado com a indústria do papel em Portugal, contribuindo assim para o aumento do desemprego, a redução das exportações e o empobrecimento do país.
O governo, com o PCP e o BE a reboque, também resolveu atacar a Altice e a PT. Assistir a um governo socialista a atacar um investidor externo que salvou o que restava da PT é extraordinário. Foi um executivo socialista (sem qualquer responsabilidade de António Costa, devo reconhecê-lo) que contribuiu para destruir o valor da PT, empurrando-a para aventuras empresariais no Brasil que a levaram quase à falência. O investimento da Altice salvou o que restava da PT (excluindo o investimento na OI) e milhares de empregos. Aliás, até ao incêndio de Pédrogão Grande e até à aquisição da TVI, o governo não atacava a Altice nem qualquer situação laboral na PT. De um lado, os ministros das Finanças e da Economia fazem tudo o que podem para captar investimento externo. Por outro lado, o PM e os camaradas comunistas e bloquistas atacam os investimentos da Altice em Portugal.
O terceiro caso diz respeito à Autoeuropa. Já muitos o disseram, é uma empresa modelo, quer nas relações laborais entre a administração e os trabalhadores, quer na capacidade de produção, e que ocupa desde 2000 um lugar entre os três maiores exportadores nacionais. Devido às guerras entre o PCP e o BE, e os seus sindicatos, a fábrica conheceu na semana passada a sua primeira greve. A CGTP não descansa enquanto não conquistar o poder entre os trabalhadores. No contexto dessa luta sindical, a contribuição da Auto Europa para o crescimento da economia portuguesa é secundária.
Os problemas na Autoeuropa não afectam apenas as exportações, também podem prejudicar o investimento externo. Há muitos países na União Europeia que gostariam de trazer a Autoeuropa para os seus territórios. E, na feliz expressão de Daniel Bessa, ela si muove, se for necessário. Além disso, as outras grandes empresas olham preocupadas para o que se passa em Palmela. Sublinharia, desde logo, a Bosh Car e a Continental Mabor, igualmente campeões de exportações e ambas resultado de investimentos vindos da Alemanha.
Estes casos revelam alguns aspectos preocupantes em relação à geringonça. Ao contrário do que diz o governo, o crescimento económico não é a prioridade. Em segundo lugar, o governo, de um lado, e o PCP e o BE, do outro, entendem o crescimento da economia de modos diferentes. O governo sabe que beneficia politicamente do crescimento económico. Para as esquerdas comunistas e neo-comunistas, o crescimento é visto como uma fonte de recursos para o Estado e para as suas clientelas mas como um obstáculo para as suas estratégias políticas. É muito simples, o PCP e o BE não desejam o enriquecimento do país. Para eles a fórmula é simples. Perdem votos com o enriquecimento e ganham com o empobrecimento. O crescimento económico é o maior inimigo das esquerdas radicais, até porque sabem que será o PS a beneficiar eleitoralmente.
Estas tensões e fraturas no interior da geringonça prejudicam a economia nacional e o país. Se lermos os relatórios de agências de rating, como a Moody’s, a Fitch e a Standard and Poor’s, os factores decisivos para voltar a classificar Portugal com o grau de investimento são o crescimento económico, os investimentos e as exportações. Os líderes do PCP e do BE gostam muito de atacar estas agências, mas estas críticas não escondem um ponto curioso. O PCP e o BE têm votado a favor de orçamentos elogiados pelas “Moody’s deste mundo”. Ou seja, concordam com as agências em relação às medidas para reduzir o défice, mas discordam em relação ao que se deve fazer para estimular o crescimento da economia. Colocam assim o combate ao défice à frente do crescimento da economia. Quem diria? Os nossos camaradas andam meio perdidos com a geringonça.