Os dados estatísticos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) encerraram em 2013 com 18 637 imigrantes chineses, tornando esta a 6ª maior comunidade estrangeira em Portugal. Em declarações ao Observador, o presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, admitiu que o aumento pode estar ligado aos investidores chineses que se estabelecem em Portugal através do visto Gold.
O Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo (RIFA) esta tarde apresentado, numa cerimónia que coincidiu com os 38 anos do SEF, mostra que a comunidade chinesa passou, em termos numéricos, a comunidade guineense (atualmente com 17 846 cidadãos em Portugal). O aumento de 6,8% corresponde a cerca de 1260 cidadãos chineses, quando, em 2013, foram atribuídos 821 vistos ‘dourados’ – através do regime especial de autorização de residência por atividade de investimento e às famílias destes investidores.
Feitas as contas, se não fosse o número de autorizações concedidas por via do “investimento”, como diz Y Ping Chow, o número de chineses não teria passado o número de guineenses (que também aumentaram 0,5%) com autorização de residência no País. Aquele responsável sublinha, ainda, que a comunidade chinesa “está cada vez mais adaptada a Portugal”.
O relatório avança que a população estrangeira residente em Portugal diminuiu 3,8% em 2013, totalizando 401.320 imigrantes com título válido de residência. Para esta redução contribuiu os 13.502 brasileiros que abandonaram o país, refere o SEF. Mas não só. “A aquisição da nacionalidade portuguesa, a alteração de fluxos migratórios e o impacto da atual crise económica no mercado laboral”, explica o SEF.
No entanto, a comunidade brasileira continua a ser a mais representativa em Portugal, onde residem 92.120, seguindo-se a oriunda de Cabo Verde (42.401), Ucrânia (41.091), Roménia (34.204), Angola (20.177), China (18.637), Guiné-Bissau (17.846) e Reino Unido (16.471).
O RIFA 2013 salienta que se verificou no ano passado “uma redução da representatividade da população estrangeira oriunda de países de língua portuguesa”, nomeadamente da brasileira (23%), cabo-verdiana (10,6%) e angolana (5%) .O mesmo documento indica também que o número de novos títulos de residência emitidos diminuiu 13,7 por cento.
As 33.246 novas autorizações de residências concedidas em 2013 incidem no reagrupamento familiar (7.156) e certificados e cartões de nacionais e familiares de cidadãos da União Europeia (15.238).
O SEF destaca ainda que recebeu, no ano passado, 30.130 pedidos de atribuição da nacionalidade portuguesa, mais 1,4% em relação a 2012, tendo sido emitidos 27.771 pareceres positivos e 982 negativos.
A maioria dos estrangeiros que querem ser portugueses são oriundos do Brasil, Cabo Verde, Angola e Ucrânia.
“Apenas” nove Vistos Gold indeferidos
O SEF revela ainda que das 1116 candidaturas que recebeu para atribuição de um ‘visto dourado’, “apenas foram indeferidos nove pedidos, 4 investidores e cinco familiares”. 80% das candidaturas referiam-se a cidadãos chineses.
Neste âmbito, foram feitas 446 operações de aquisição de imóveis, traduzidas numa entrada de mais de 270 mil milhões de euros no País. Já por transferência de capitais em valor igual ou superior a um milhão de euros, entraram mais de 34,2 mil milhões de euros.