Martin Schulz mostrou-se confiante que a maioria que o elegeu esta terça-feira para voltar a ser presidente do Parlamento Europeu, composta pelo centro direita, pelo centro esquerda e pelos liberais, voltará a estar juntar para eelger Juncker daqui a duas semanas como presidente da Comissão. Até lá, o alemão socialista pretende debater com Juncker a possibilidade das leis passarem previamente pelo parlamento, antes do processo ser iniciado pela Comissão.

“Temos um acordo técnico” explicou Martin Schulz aos jornalistas após a sessão do hemiciclo em que foi eleito como presidente do Parlamento Europeu nos próximos dois anos, referindo-se ao entendimento entre os Sociais e Democratas (do qual faz parte o PS), o Partido Popular Europeu (do qual fazem parte os sociais-democratas e o CDS) e os Liberais (grupo integrado por Marinho e Pinto e José Inacio Faria), que lhe permitiram ter uma maioria. É a primeira vez que um presidente do Parlamento Europeu é reeleito e Schulz disse estar “muito honrado” com esta escolha dos colegas eurodeputados, assim como sentir-se “muito humilde pela confiança depositada” nele.

Esta maioria servirá também no sentido inverso para eleger Juncker, favorecendo assim o PPE com uma aprovação pacífica no seio de um Parlamento Europeu muito fragmentado. “Há uma vasta maioria para eleger Juncker” disse mesmo Schulz – tendo em conta que o luxemburguês vai precisar de dois terços dos votos favoráveis para suceder a Durão Barroso -, referindo que houve ainda um entendimento com os liberais para “a escolha de outros cargos” no parlamento, o que pode resultar na presidência de alguma comissão importante para o grupo de Marinho e Pinto. Este acordo será últil para várias temáticas, como por exemplo a aprovação do Tratado de Comércio Livre com os Estados Unidos ou TTIP.

Sobre a expectativas de Schulz sobre Juncker como presidente da Comissão, o alemão diz que antes das eleições já tinha falado várias vezes com ele sobre possíveis mudanças a serem introduzidas. Uma delas é fazer com que a Comissão antes de iniciar um processo legislativo – ou seja, antes de fazer um projeto para uma nova lei – fale primeiro com o Parlamento Europeu de modo a avaliar o apoio que essa lei pode ter entre os eurodeputados, iniciando assim a discussão mais cedo sobre possíveis leis comunitárias. “Juncker é alguém que já foi presidente de várias coisas e sabe que é importante ter uma forma inteligente de lidar com as instituições europeias”, sublinhou.

Quanto à alienação do Reino Unido depois de Cameron ter sido voto vencido no Conselho, Schulz diz que está preparado para discutir as reformas pedidas pelos britânicos. Exemplo disso é a possibilidade de uma maior utilização do principio da subsidiaridade na legislação europeia, dando assim aos Estados-membros mais poderes para decidir as suas políticas internas em vez de se legislar a nível comunitário. “A União Europeia precisa tanto do Reino Unido, como o Reino Unido precisa da UE”, lembrou Schulz.

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