A Universidade Católica reviu em baixa a previsão de crescimento da economia portuguesa este ano, para 1%, destacando “a insuficiência de medidas” para cumprir a meta de 4% do défice este ano.

De acordo com a Folha Trimestral de Conjuntura, esta quarta feira divulgada, o Núcleo de Estudos de Conjuntura sobre a Economia Portuguesa (NECEP), da Universidade Católica, projeta um crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, menos 0,4 pontos percentuais do que anteriormente, e de 1,8% em 2015, menos 0,2 pontos percentuais do que a previsão anterior.

“O crescimento económico em 2014 e 2015 continuará muito dependente da conjuntura externa, da política monetária na zona euro e dos desenvolvimentos orçamentais em Portugal”, escrevem os economistas do NECEP, justificando a revisão em baixa das previsões com os “maus resultados observados no primeiro trimestre deste ano que revelam uma recuperação mais lenta face à estimada no trimestre anterior”.

Relativamente ao segundo trimestre de 2014, a Católica calcula que a economia portuguesa tenha crescido 0,2% em cadeia e 0,4% em termos homólogos, “o que corresponde a uma ligeira melhoria face ao 1.º trimestre do ano (-0,6% e 1,3%, respetivamente)”.

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Confirmando-se esta estimativa – acrescentam os economistas – isso quer dizer que “a economia portuguesa não recuperou o suficiente face à queda inesperada observada” no primeiro trimestre.

O NECEP considera ainda que “de forma algo surpreendente”, o mercado de trabalho “continua a dar sinais de melhoria de magnitude superior ao que seria de esperar, tendo em conta o crescimento ténue do PIB”, antecipando que a taxa de desemprego tenha caído pelo quarto trimestre consecutivo, para os 14% no segundo trimestre do ano.

Os técnicos da Católica destacam ainda “a insuficiência das medidas em vigor para atingir as metas orçamentais, em particular um défice de 4% em 2014”, bem como “a dificuldade em antecipar o que será a política orçamental efetiva em 2014 e 2015, quer em termos de despesa, quer do ponto de vista fiscal”.

Para os economistas, a economia portuguesa “continua a estar sujeita a um grau de incerteza muito elevado da sua política orçamental, o que adia a recuperação do investimento”.

O PIB aumentou 1,3% no primeiro trimestre face ao mesmo período de 2013, mas caiu 0,6% face ao trimestre anterior, depois de ter fechado o ano de 2013 com uma recessão de 1,4%, de acordo com números do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Já o défice orçamental das Administrações Públicas atingiu os 6% no primeiro trimestre do ano, abaixo dos 10% registados no período homólogo, mas acima da meta de 4% fixada para 2014, também segundo os números mais recentes do INE.

O Tribunal Constitucional chumbou três medidas do Orçamento do Estado para 2014, incluindo o corte dos salários acima de 675 euros dos funcionários públicos, o que abriu um buraco orçamental de 860 milhões de euros brutos, segundo disse a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, no parlamento.

O executivo optou por não anunciar quais as medidas com que vai compensar este montante, argumentando que ainda não conhece a dimensão total das medidas a compensar, uma vez que os juízes do Palácio Ratton estão ainda a deliberar sobre as medidas do Orçamento Retificativo.