A chanceler Angela Merkel lamentou este sábado que a confiança entre os Estados Unidos e a Alemanha tenha diminuído, após revelações sobre suspeitas de espionagem.
“A ideia de que devemos sempre questionar-nos, quando trabalhamos em conjunto, se o que está à minha frente, talvez trabalhe ao mesmo tempo para outra pessoa, para mim não é uma relação de confiança”, disse Merkel numa entrevista à televisão pública ZDF, que foi gravada este sábado para divulgar no domingo.
“Temos sobre isto pontos de vista diferentes e devemos falar sobre o assunto”, disse ainda, adiantando que espera, “naturalmente, uma mudança” no comportamento dos Estados Unidos. O governo alemão anunciou na quinta-feira a expulsão do chefe dos serviços secretos norte-americanos na Alemanha no âmbito de um caso de espionagem de responsáveis alemães a favor de Washington.
O caso agravou a tensão existente entre os Estados Unidos e a Alemanha desde as revelações o ano passado sobre escutas feitas pelos norte-americanos ao telemóvel da chanceler alemã, Angela Merkel. “Já não vivemos na época da Guerra Fria em que, provavelmente, todos desconfiavam de todos”, declarou Merkel à ZDF. “Creio que os serviços secretos do século XXI devem concentrar-se nas coisas importantes e trabalhamos estreitamente com os norte-americanos. Desejo que assim continue”, afirmou. Contudo, Merkel rejeitou uma vez mais pôr em questão as negociações sobre a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento devido ao caso de espionagem.
Na sexta-feira, os Estados Unidos deram a entender que não apreciavam a reação das autoridades alemãs em relação ao caso de espionagem. “Aliados com serviços de informações sofisticados, como os Estados Unidos e a Alemanha, compreendem com um certo grau de detalhe o que essas relações e essas atividades de informação implicam”, declarou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. “O modo mais eficaz de resolver os diferendos é através dos canais privados estabelecidos, não dos meios de comunicação social”, sublinhou.