O presidente da associação das agências de viagens garantiu esta segunda-feira à Lusa que irá secundar as denúncias da Deco sobre a discrepância entre preços publicitados e praticados pelas Edreams e Rumbo, caso as acusações se comprovem. A Deco acusou hoje estas duas agências de viagens de venda ‘online’ de publicitarem nos ‘sites’ preços de voos mais baratos “em regra” do que os efetivamente cobrados aos clientes.
“A poder ser provado aquilo que é referido no estudo da Deco, portanto, a poder ser provado que se está a apresentar um preço quando na verdade o preço final é outro, a APAVT [Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo] não aprova e segue a Deco nas suas exigências de maior clareza na informação ao consumidor”, afirmou Pedro Costa Ferreira.
De acordo com este responsável, a APAVT vai, “de imediato, contactar a Deco, analisar [as conclusões do estudo] e acompanhará a Deco em todas as diligências se se provar que aquilo que está a acontecer, nomeadamente nos casos concretos referidos, é que a informação ao público não está a ser correta”. Para Pedro Costa Ferreira, a visão que a Deco tem em relação ao setor de viagens é muito semelhante ao da APAVT.
“Temos um historial comum de análise das situações e as agências de viagens que pertencem à APAVT são obrigadas a obedecer às decisões do Provedor do Cliente, que é uma autoridade independente, cuja utilização é aconselhada pela Deco”, afirmou.
O tema das agências de viagens ‘online’ será um dos destaques de uma apresentação marcada pelo Provedor do Cliente deste setor para quarta-feira, altura em que Vera Jardim irá também fazer uma análise das reclamações recebidas este ano pelos turistas e avançar com recomendações para as férias dos portugueses.
O estudo da Deco resultou de uma análise da associação de defesa do consumidor aos sítios na internet de quatro agências de viagem de venda ‘online’ — Rumbo, eDreams, Logitravel e netviagens – e de cinco companhias aéreas ‘low cost’ [de baixo custo]- Ryanair, easyJet, Transavia, Vueling e Condor –, as empresas com mais reclamações à Deco por causa do transporte aéreo.
O objetivo era averiguar a transparência de preços e a informação disponibilizada nos sítios na internet quanto aos direitos dos passageiros. Através da compra simulada de “dezenas” de viagens, com e sem bagagem e seguro, só de ida e de ida e volta, entre outros exemplos, a associação encontrou, especialmente no que toca aos preços, “muitas irregularidades”, segundo a jurista da Deco Carla Varela.
“Os preços que a Rumbo e a eDreams anunciam são sempre mais baratos do que os efetivamente cobrados”, contou, explicando que no final da operação de compra é que estas agências dão a conhecer a cobrança de comissões de serviço, de gestão ou de reserva.
A lei nacional obriga a que o preço anunciado inclua todos os encargos: “Denunciamos esta irregularidade nos preços à entidade responsável pela aviação civil [o INAC, atualmente denominado ANAC], ao Turismo de Portugal, ao Governo e à ASAE [Autoridade de Segurança Alimentar e Económica], que é a entidade competente em matéria de fiscalização de preços”, contou Carla Varela. Denúncia que o presidente da APAVT está pronto a corroborar se se provar a veracidade das acusações.
“O que é suposto fazer quando alguém pergunta o preço de uma viagem é dar o preço final, ninguém gosta de saber de uma parcela para depois, no final, saber de outra”, concluiu Pedro Costa Ferreira. A Lusa contactou ainda as duas empresas visadas – a Edreams e a Rumbo -, mas até ao momento não obteve resposta.