Miguel Pais do Amaral defende que a ligação de Marcelo Rebelo de Sousa ao BES “não pode ser maior e, como tal, as ambições presidenciais não podem ser mais afetadas”.

“O impacto político desta situação poderá ser muito relevante. Todos sabem ainda que a companheira do putativo candidato presidencial é administradora no grupo BES e que o seu filho é funcionário da PT”, afirmou o empresário, em entrevista sábado ao Dinheiro Vivo, acrescentando que “ele e a sua companheira eram os melhores amigos do casal Salgado. Viajavam juntos, passavam férias juntos”.

“Neste caso, diz-me quem são os teus amigos, dir-te-ei quem és”, disse Pais do Amaral, insistindo que “obviamente que uma pessoa que é a melhor amiga de alguém, se esse alguém não sair bem, não tem quaisquer condições para ser candidato presidencial, nem para alimentar essa candidatura”.

Lembra ainda o caso Madoff nos EUA em que, quando este foi preso, os “políticos amigos mudaram de carreira, não tinham qualquer hipótese de continuar a exercer a política, porque eram amigos de alguém que tinha feito coisas que não devia”.

O empresário acrescenta que os impactos políticos podem sentir-se tanto nas presidenciais, como nas legislativas. “Sabe-se que há alguns ministros que eram muito próximos do presidente da comissão executiva do BES [liderada até há uma semana por Ricardo Salgado] e essa proximidade poderá ser negativa”, disse, sem apontar nomes.

Há cerca de uma semana, João Rendeiro, o banqueiro acusado de burla qualificada aos antigos clientes da Privado Holding, tinha escrito no seu blog que Marcelo Rebelo de Sousa “é um dos danos colaterais da pesada queda de Ricardo Salgado”. Comentando a entrevista de Santana Lopes ao Expresso, em que admite candidatar-se às eleições presidenciais, disse que o ex-primeiro-ministro “percebeu imediatamente que as fortes relações pessoais de Marcelo com o BES e Ricardo Salgado são mortais para qualquer hipótese de candidatura presidencial”.

 

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