É esta quarta-feira que Vítor Bento dá a conhecer os planos da nova administração do BES, depois de serem divulgados os resultados do primeiro semestre, que podem atingir 3 mil milhões de euros de prejuízos, segundo o Expresso. Com Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires fora da administração do banco, é Vítor Bento, João Moreira Rato e José Honório que ficam responsáveis pela reestruturação do BES. Com a desconvocatória da assembleia-geral, fica a dúvida: quando é que Paulo Mota Pinto é nomeado presidente não executivo do banco?
Vítor Bento
Presidente da Comissão Executiva
Membro do Conselho de Estado, presidente da SIBS e mestre em Filosofia. Diz que foi educado para “procurar a excelência” e que se habituou a tentar ser “o melhor aluno”, porque só através da educação e do mérito conseguiria progredir socialmente. “A minha família é humilde”, disse em entrevista ao Jornal de Negócios, em 2008. Vítor Bento é natural de Estremoz, no Alentejo.
Aos 60 anos, é o novo líder do BES. Licenciado em Economia, desde 2000 que preside à SIBS, entidade que gere o multibanco, e desde abril de 2012, que é membro do conselho de administração da Galp Energia. Em 2011, disse “não” a Passos Coelho, quando foi convidado para ser ministro das Finanças. Foi diretor-geral do tesouro entre 1992 e 1994.
Autor de vários livros, lançou o “Euro forte, Euro fraco – Duas culturas, uma moeda. Um convívio (im)possível?”, sobre a crise da zona Euro, no qual explora os riscos e possibilidades de resolução da crise. Entre 2006 e 2008, foi presidente da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) e presidiu à Unicre entre 2000 e 2006. No seu currículo, constam cargos como diretor do departamento de Estrangeiros do Banco de Portugal ou vogal no conselho de administração do Instituto Emissor de Macau.
Vítor Bento, soube-se agora, estava desde junho de 2000 com uma licença sem vencimento do seu trabalho no gabinete de estudos do Banco de Portugal. Rescindiu em julho depois de ter sido indicado para o BES.
Professor convidado da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Católica e da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, é casado e pai de uma filha. “Naquilo onde entrava, tentava ser o melhor. Se conseguia ou não, dependia de mim e dos meus oponentes. Por acaso, fui sempre o melhor na concorrência direta”, dizia na entrevista de 2008, ao Jornal de Negócios.
Moreira Rato
Administrador financeiro
Doutorou-se em Economia, na Universidade de Chicago, e especializou-se em Finanças. Nos Estados Unidos da América (EUA), deu aulas de Miroeconomia e foi assistente do prémio Nobel James Heckman (2000), enquanto tirava o doutoramento. Em junho de 2012, foi o nome escolhido por Vítor Gaspar para dirigir o Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP), ou seja, a dívida pública portuguesa.
Com 42 anos, já trabalhou em bancos de investimento norte-americanos como o Goldman Sachs e o extinto Lehman Brothers, que faliu em 2008, e foi diretor do Morgan Stanley, onde foi responsável pelas soluções de mercado para a Península Ibérica. No BES, substitui Amílcar Morais Pires no cargo de administrador financeiro.
Em 2008, lançou a sociedade gestora de hedge funds, a Nau Capital, participada pelo BES, mas quatro anos depois foi vendida ao Eurofin Capital, um grupo suíço especializado em serviços financeiros que tem estado a ser investigado nos últimos meses, segundo o Expresso. Na terça-feira, o jornal divulgou na sua edição diária que o Eurofin financiou a Espírito Santo International até ao início de 2014 e que a direção financeira do BES terá estado a colocar obrigações junto de clientes, através da Eurofin.
José Honório
Vice-presidente
O novo vice-presidente do BES é o ex-líder da Portucel. Com 56 anos, José Honório é licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra e foi administrador de empresas como a cimenteira Cimpor ou a imobiliária Longavia, entre 1993 e 2003. Em fevereiro de 2014, deixou a presidência da Portucel e todos os cargos que ocupava na gestão da Semapa. Em março, integrou o conselho de administração dos CTT.
O seu nome apareceu ligado à reestruturação do BES na imprensa e o Diário Económico referiu-o como um “dos parceiros de confiança” de Ricardo Salgado. Em causa estava o facto de Honório ter assessorado “informalmente” o antigo líder do BES, fruto da “relação de confiança” entre os dois.
Em março, Honório tinha sido proposto pelo BES, BPI, Santander Totta e BCP para ser um dos administradores dos CTT. Aquando da sua saída da Portucel, o Diário Económico avançou que esta poderia estar relacionada com desentendimentos com o chairman Pedro Queiroz Pereira.
Paulo Mota Pinto
Depende da decisão dos acionistas para ser o próximo presidente não executivo
Tem 47 anos, é jurista, deputado do PSD e filho de um dos fundadores do partido, Carlos Alberto Mota Pinto. Proposto para presidir ao conselho de administração e ao conselho estratégico do BES, Paulo Mota Pinto é mestre e doutor em Ciências Jurídico-Civilísticas e foi juíz do Tribunal Constitucional entre 1998 e 2007.
Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, é presidente do Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações e administrador não executivo da Zon Optimus. Paulo Mota Pinto foi mandatário da candidatura de Manuela Ferreira Leite à presidência do PSD, em 2008 e desde julho de 2011 que é presidente da Comissão de Assuntos Europeus da Assembleia da República.
Se for nomeado presidente do conselho de administração do BES, Paulo Mota Pinto renuncia ao mandato de deputado e à presidência do Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informação, adiantou à agência Lusa.