As tensões entre o ocidente e a Rússia estão a agravar-se na Ucrânia, o que levou alguns dos principais senadores norte-americanos a defenderem que a administração Obama devia enviar armas para Kiev para ajudar os ucranianos contra aquilo que dizem ser uma “invasão russa”.
“Isto não é uma incursão, é uma invasão”, disse o senador John McCain, citado pela BBC, sublinhando a mesma ideia já defendida por Robert Menendez, chefe do Comité das Relações Estrangeiras do Senado norte-americano, de que o presidente russo Vladimir Putin devia ser responsabilizado pela sua “agressão” ao país vizinho.
O endurecer do discurso norte-americano surge um dia depois de a União Europeia ter decidido, em conferência extraordinária, que iria impor um novo pacote de sanções contra a Rússia caso o Kremlin não recuasse no espaço de uma semana.
Este domingo, Putin deixou claro que quer entrar nas negociações sobre a secessão das repúblicas de Donetsk e Lugansk, admitindo desta forma que quer levar para diante o objetivo de separar estas duas regiões pró-russas do leste ucraniano da alçada do governo de Kiev. Em declarações feitas à televisão estatal russa, o presidente russo apelou a “negociações significativas sobre a organização política da sociedade e sobre a soberania do sudeste ucraniano, que não se limitem apenas a questões técnicas”. A palavra “soberania“, usada por Putin chegou depressa às manchetes da imprensa, uma vez que pode indicar que se prepara para pressionar Poroshenko para a independência total daquelas províncias do leste, em vez de se limitar à maior autonomia das regiões dentro das fronteiras ucranianas.
Antes, a Ucrânia tinha acordado uma troca de prisioneiros com a Rússia, naquilo que pareceu ser um pequeno gesto da parte de Kiev para assinalar a vontade de negociar um acordo de cessar-fogo na véspera do início das conferências de Minsk, Bielorrússia, que Petro Poroshenko já disse poderem vir a ser decisivas. No entanto, poucos são os que acreditam que a cedência deste domingo seja de facto um hastear de bandeira branca numa altura em que os combates entre as forças separatistas pró-russas e as forças do Exército ucraniano, leais a Kiev, continuam bastante acesos.
A hipótese de uma ajuda militar a Kiev por parte da NATO ficou para já de parte na cimeira extraordinária que decorreu no sábado em Bruxelas. A Comissão Europeia, no entanto, fez um ultimato ao Kremlin, garantindo que vai entrar com um novo pacote de sanções contra a Rússia dentro de uma semana caso Putin não afaste as suas tropas do leste da Ucrânia.
Entretanto, os confrontos intensificam-se no terreno, com os separatistas pró-russos a prepararem uma nova ofensiva na cidade-chave de Mariupol, na costa ucraniana, que é a única grande cidade da região que ainda permanece sob o controlo do Governo ucraniano. Nos últimos dias as milícias separatistas têm ganho terreno junto ao porto de Mariupol, que se está a defender com autênticas trincheiras montadas. As regiões de Donetsk e Lugansk estão neste momento no controlo quase absoluto dos rebeldes pró-russos.
O conflito no leste da Ucrânia começou em abril depois da anexação unilateral da península da Crimeia à Rússia. Ao todo já terão morrido cerca de 2600 pessoas naquele que é já visto como o maior confronto entre a Rússia e o ocidente desde a Guerra Fria.