Em declarações à Lusa, diretor de projeto hidroelétrico, Lopes dos Santos explicou, à margem da inauguração do novo santuário do Santo Antão deslocado devido à construção da barragem, que o escalão a jusante “está totalmente concluído” e “vai iniciar o enchimento em outubro com a previsão de começar a produção em dezembro de 2014”.

Já a barragem principal, a montante, “que é a mais importante, está concluída e, neste momento não está a encher por falta de chuva”, mas o diretor admite que no próximo inverno possa haver ensaios de produção de energia”, ou seja ainda em 2014″, embora as previsões estejam dependentes da quantidade de chuva que possa ocorrer.

A albufeira da barragem principal terá uma profundidade de 120 metros e, atualmente, apresenta um volume de água com 40 metros, segundo responsável pelo empreendimento concessionado a EDP.

A empresa já fez uma primeira tentativa de enchimento durante o inverno, porém a água armazenada teve de ser despejada para reparar um problema no tapamento do túnel para desvio do rio Sabor durante a construção do paredão.

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“O projeto do Baixo Sabor está nos últimos meses da sua atividade, já há muitos elementos concluídos e os trabalhos nas centrais estão a decorrer no sentido de termos produção de energia a partir do fim de 2014”, resumiu.

A albufeira vai estender-se por 50 quilómetros dos concelhos de Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros. O empreendimento começou a ser construído em junho de 2008 e foi apresentado pelo então ministro da Economia socialista, Manuel Pinho, como “a mãe de todas as barragens”, com um custo de 450 milhões de euros.

A barragem recebeu luz ‘verde’ no Governo liderado por José Sócrates que, uma década antes, na qualidade de ministro do Ambiente mandou suspender e reformular o projeto. Mais tarde o seu entusiasmo pelo projeto ficaria no entanto registado numa visita que efetuou às obras na companhia do presidente da EDP, António Mexia, e que foi imortalizada no documentário premiado de Jorge Pelicano “Pare, escute e olhe” (ao minuto 2).

Este empreendimento foi sempre muito contestado pelos ambientalistas, tendo os seus protestos chegado à União Europeia e mesmo depois de arquivadas todas as queixas em Bruxelas, a Plataforma Sabor Livre fez parar as obras pouco depois do início com uma providência cautelar que acabou por ser anulada.

A conclusão da barragem estava inicialmente prevista para 2013.

A nova albufeira produzirá energia capaz de abastecer 300 mil pessoas por ano, o dobro da população do Distrito de Bragança, aumentará em 20% a capacidade de armazenamento do país e duplicará as reservas de água do Douro, segundo anunciou a EDP, aquando do lançamento da obra.

De acordo ainda com a empresa, esta é a barragem com um dos maiores planos de investimento para minimização de impactes ambientais, ou seja 60 milhões de euros.

Esta foi ainda a primeira barragem a disponibilizar 3% da faturação anual de energia para o fundo de compensação ambiental destinado também a apoiar o desenvolvimento de projetos na área de influência.