O líder comunista anunciou este domingo o lançamento de uma ação nacional, visando uma “política e um Governo patrióticos e de esquerda”, assente na renegociação da dívida, eventual abandono da moeda única e outros instrumentos e ferramentas comunitários. Jerónimo de Sousa aproveitou o seu discurso na Festa do Avante para anunciar que há mais 1 100 “camaradas” inscritos este ano. Mais de metade tem menos de 40 anos.

“‘A Força Do Povo, Por Um Portugal Com Futuro – Uma Política E Um Governo Patrióticos E De Esquerda’ é o lema de uma ação de afirmação política que o PCP lançará já a partir de setembro”, declarou Jerónimo de Sousa, no comício final da “Festa do Avante!”, na Quinta da Atalaia, Amora.

O responsável do PCP explicou que, “nos próximos meses, identificará os eixos, objetivos e prioridades nucleares de uma política alternativa, que rompa com o caminho para o abismo económico e social para o qual o país está a ser conduzido”, a fim de definir “os conteúdos, um programa e um projeto para a inadiável política alternativa que assegure, viabilize e concretize a construção de um Portugal com futuro”.

A Iniciativa de abertura vai realizar-se em 28 de setembro, precisamente o dia das eleições primárias no PS, às quais concorrem o atual secretário-geral socialista, António José Seguro, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa e ex-governante António Costa.

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“A apresentação na Assembleia da República de um projeto de resolução que estabeleça um programa para resgatar o país da dependência e declínio, visando fixar calendários, condições e opções da política nacional”, bem como “o desenvolvimento pelo Estado português de propostas para a realização de uma conferência intergovernamental para a revogação e suspensão imediata do Tratado Orçamental, a revogação da União Bancária, extinção do Pacto de Estabilidade e criação de um programa de apoio aos países cuja permanência no euro se tenha revelado insustentável” são outras propostas comunistas.

O “império Espírito Santo”

O secretário-geral do PCP citou o “ruir do império Espírito Santo” como sinal da “falência da política de direita” protagonizada por diversos governos de PS, PSD e CDS-PP, no encerramento da 38.ª “Festa do Avante!”.

“A falência do GES não é mais uma falência qualquer de um qualquer grupo empresarial. É a demonstração da falência da recuperação capitalista, elemento nuclear e símbolo da política de direita. O ruir do império Espírito Santo exibe a falência da própria política de direita”, afirmou Jerónimo de Sousa, no Seixal.

O dirigente comunista disse que os portugueses podem testemunhar “na multiplicação dos escândalos e das sucessivas fraudes – do BPN, do BCP, do BPP e, agora com mais evidência, na implosão do império da família Espírito Santo, do seu grupo e do seu banco” a promiscuidade entre os denominados partidos do “arco da governação” e o poder económico, acusando a família Espírito Santo de ter constituído o seu grupo empresarial “debaixo da asa protetora dos sucessivos governos do PS, PSD e CDS”.

“Houve um banqueiro que dizia (que o povo) ‘ai, aguenta, aguenta’ porque ele tinha a consciência de que não eram eles que aguentavam. Era o povo, os trabalhadores e os reformados porque eles tinham as costas quentes por este Governo e outros”, insistiu Jerónimo de Sousa.

Para o líder do PCP, “é o resultado da política de roda-livre para a oligarquia que tudo domina, que garante lugar reservado em Conselho de Ministros para decidir e impor o pacto de agressão do confisco, da extorsão e da austeridade severa para os outros”.

O imperialismo na Ucrânia e na Palestina

O PCP declarou-se contra as “guerras e provocações imperialistas” na Ucrânia e na Palestina, entre outros conflitos mundiais, defendendo que, ao contrário da narrativa ocidental por ocasião do fim do regime soviético, a História não morreu.

“As guerras e provocações imperialistas sucedem-se a um ritmo infernal. A retórica belicista propaga-se. Intensifica-se a corrida ao armamento e reforçam-se alianças militares agressivas, como a NATO”, lamentou o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, na “Festa do Avante!”, no Seixal.

O líder do PCP lembrou que este ano passam “25 anos sobre a queda do Muro de Berlim” e que, “nessa altura, os senhores do Mundo exaltavam nos seus discursos um capitalismo vitorioso, que haveria de trazer progresso e paz”.

“Passados estes anos, a realidade encarregou-se de demonstrar a falsidade das suas teses e prenúncios. Onde estão agora os arautos do fim da luta de classes, a abundância, dos direitos humanos e da democracia? Falam de democracia, mas são os primeiros a reprimir aqueles que se levantam na luta, como os Estados Unidos ou a ‘democrática’ União Europeia, ou a apoiar fascistas que se lançam em perseguições e atrocidades na Ucrânia”, condenou, classificando o Governo de Kiev de “golpista e fascista”.

Segundo Jerónimo de Sousa, os responsáveis de diversas potencias mundiais “enchem a boca com direitos humanos, mas todos os dias negam a milhões de seres humanos e assobiam para o lado quando Israel faz uma matança de 2.000 palestinianos em dois meses, 600 dos quais crianças”.