Não brinquem com os taxistas. Pelo menos na Alemanha. Na terça-feira, um tribunal de Frankfurt levantou a ordem judicial que desde o início de setembro proibia a utilização no país da Uber, uma aplicação de smartphone para alugar um carro com motorista. Um dia antes, porém, um taxista germânico conseguiu tramar um dos condutores que utilizou a app durante o período em que foi considerado ilegal. Como o fizeram? Utilizando o próprio serviço.
Na segunda-feira, um dia antes de um juiz anular a proibição, Sven Adler quis fazer algo contra quem ainda utilizava a Uber. E o taxista de Frankfurt lembrou-se de efetuar o registo na aplicação. Após o fazer, pegou no smartphone e chamou um carro com ela, com a desculpa de que seria para realizar “um trajeto à experiência”, contou o diário La Expansion.
Depois de alegadamente utilizar os serviços do motorista, Adler enviou as suas informações à Taxi Deutschland, a associação de taxistas germânica, que as encaminhou para a justiça. Agora, o tal condutor poderá pagar uma multa de 250 mil euros ou acabar na prisão, caso seja provado que oferecia serviços de transporte sem uma licença válida para o fazer.
Eis o contexto. A 2 de setembro, e perante as contínuas queixas da Taxi Deutschland, a justiça alemã acabou por considerar ilegal a utilização da Uber. A partir daí, os motoristas que usufruíssem do serviço ficariam sujeitos ao pagamento de uma multa de 250 mil euros ou a seis meses de pena de prisão efetiva.
Assim que o seu uso passou a ser proibido, contudo, os registos na aplicação, disse a Uber na altura, aumentaram 362% no conjunto das cinco cidades alemãs onde estava em funcionamento. “Continuaremos a operar na Alemanha e vamos recorrer da decisão”, chegou a revelar a empresa ao Público.
A empresa teve sucesso. Em parte devido à demora da Taxi Deutschland em submeter uma queixa, que deveria ter dado entrada na justiça alemã, no máximo, dois meses após a Uber começar a operar no país — aconteceu em abril, e o processo da associação de taxistas apenas foi submetido em agosto, explicou o New York Times.
Em junho, recorde-se, cerca de 12 mil taxistas protestaram em Londres contra a Uber, acusando a empresa norte-americana de concorrência desleal. No mesmo dia, os taxistas de Milão, Paris e Madrid também se manifestaram contra a aplicação.