O Governo cabo-verdiano anunciou nesta quarta-feira que interditou a entrada de cidadãos estrangeiros não residentes provenientes apenas de países com intensa transmissão do vírus do ébola, cumprindo assim uma nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em conferência de imprensa para dar conta das decisões tomadas em Conselho de Ministros na terça-feira, a ministra da Saúde, Cristina Fontes Lima, avançou que apenas os cidadãos não residentes que, nos últimos 30 dias, tenham estado na Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri, passam a estar interditos de entrar no país.

“Entretanto, por razões humanitárias, de emergência médica, económicas ou outras de relevante interesse público, será autorizada a entrada em Cabo Verde de cidadãos estrangeiros provenientes dos países com maior risco de propagação e com intensa transmissão da doença”, esclareceu a ministra.

Quanto à Espanha, Estados Unidos, Nigéria e Senegal, países que também registaram casos de ébola, mas com menos possibilidade de propagação, Cristina Fontes Lima indicou que não se aplicam as restrições à circulação de pessoas e bens. No entanto, as pessoas que entrarem serão devidamente seguidas, de acordo com as medidas de prevenção e controlo nacionais e internacionais.

Relativamente ao Senegal, que registou um caso suspeito que acabaria por não se confirmar, Cristina Fontes Lima anunciou que, na quinta-feira, será “eliminado” da lista de países afetados pelo vírus do ébola, após passarem os 42 dias desde a data da última confirmação.

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“Cabo Verde não encerra fronteiras. Mantemos o princípio da interdição, mas agora apenas para os países afetados com alta transmissão e propagação. Mas vamos manter as medidas de controlo sanitário, segundo o Regulamento Sanitário Internacional e demais orientações emanadas a nível nacional”, indicou.

Segundo a ministra, as restrições de circulação de cidadãos estrangeiros provenientes de países afetados pelo vírus do ébola obedecem apenas a critérios “estritamente sanitários” da OMS, rejeitando, por isso, qualquer “lógica económica ou comercial”.

Cristina Fontes Lima referiu que Cabo Verde “não está confortável” com a evolução do vírus do ébola a nível mundial, mas garantiu que o país “está preparado” e vai fazer o esforço para não isolar países afetados “sempre pondo o interesse nacional em primeiro lugar”.

Por outro lado, garantiu que, após a tomada de medidas de prevenção, o pessoal médico cabo-verdiano está “melhor preparado” para evitar qualquer repercussão económica devido à doença.

A governante indicou que a doença está a causar prejuízos à economia, sobretudo na reparação naval e na entrada de alguns navios e voos, mas informou que os custos só serão conhecidos após a reunião do Conselho Económico e Social (CES), cuja data de realização não precisou. “Vamos encontrar o bom equilíbrio entre a proteção e o interesse da saúde pública e também o interesse da economia”, concluiu.

Segundo a OMS, o vírus do ébola já matou quase 3.500 pessoas em mais de sete mil casos conhecidos da doença em países da África Ocidental, sobretudo na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.