É a maior troca de prisioneiros alguma vez feita entre as tropas ucranianas e os rebeldes pró-Rússia. Começou com a troca de 30 detidos de ambos os lados, mas até ao fim do dia espera-se que regressem a casa 150 militares ucranianos assim como 225 militantes separatistas. A cedência faz parte das negociações decorridas esta semana na capital da Bielorrússia, que, ainda assim, falharam na tentativa de chegar a um acordo de larga escala.

A troca começou esta sexta-feira, na cidade de Avdiyivka, a poucos quilómetros de Donetsk, mas só deverá ficar completa ao longo do dia de amanhã. Na imprensa russa e ucraniana podiam ver-se imagens de homens vestidos à civil, dispostos numa fila, enquanto esperavam pelo momento de serem libertados em troca dos soldados do outro lado.

À Associated Press, alguns deles confessaram que só souberam ao que iam quando ali chegaram. “Estou ansioso para ver os meus pais e a minha mulher, eles não sabem que vou”, disse Artel Syurik à agência de notícias norte-americana. Outro dos soldados ucranianos libertados admitiu que só queria “falar com a família e comer batatas fritas”. Mas acrescentou que, depois da tortura a que foi sujeito, iria voltar para o combate, para fazer justiça.

As negociações de Minsk revelaram-se mais uma vez incapazes de pôr fim ao conflito ucraniano que já fez mais de 4.700 mortos desde que rebentou há mais de um ano. É que, apesar de os conflitos armados já terem abrandado consideravelmente no leste do país, especificamente nas declaradas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, a tensão continua e mais de 1.300 pessoas morreram desde que, em setembro, foi anunciado um acordo de paz, recorda a BBC.

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Apesar de o Kremlin negar, Kiev acusa Moscovo de apoiar os rebeldes separatistas com artilharia pesada e até mesmo com o apoio de soldados russos no terreno.

Entretanto, a tensão aumentou quando, esta sexta-feira, Ucrânia bloqueou todas as ligações de autocarro e comboio com a península da Crimeia, que a Rússia anexou unilateralmente em março passado. E para agravar o isolamento, duas das maiores companhias de cartões de crédito, Visa e Mastercard, a anunciarem que, devido às recentes sanções impostas pelos EUA este mês, não vão poder apoiar o uso dos seus cartões de crédito naquela península.

O boicote surge precisamente numa altura crítica de festas, em que a população residente na Crimeia viaja muito para visitar a família a propósito do Natal ortodoxo e da comemoração do Ano Novo.