Um homem de 87 e uma mulher de 67 anos morreram esta madrugada na localidade de Popasna, na região de Lugansk, meia hora depois de ter entrado em vigor o cessar-fogo na Ucrânia, acordado na quinta-feira. Ainda assim o ambiente acalmou bastante e o governo ucraniano, já esta manhã, disse que o acordo estava a ser cumprido na sua generalidade.

O governo ucraniano disse este domingo que o cessar-fogo estava a ser “geralmente observado” e que, embora as suas forças tenham sido bombardeadas por 10 vezes desde que a trégua entrou em vigor, às zero horas, os incidentes foram “localizados”. Dmytro Kuleba, do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, disse, citado pela Bloomberg, que “dez ataques contra posições ucranianas é quase nada comparado com os dias anteriores, mas muito para um cessar-fogo completo”.

Já no sábado, o líder rebelde Donetsk Alexander Zakharchenko disse que a área de Debaltseve, pólo ferroviário estratégico, não está coberta pelo cessar-fogo acordado. E este domingo, um alto comandante dos separatistas, Eduard Basurin, reiterou à Reuters que “é claro que podemos abrir fogo (em Debaltseve), é o nosso território”. Lembre-se que Debalsteve tem sido precisamente a cidade onde mais confrontos se têm registado nos últimos dias.

Entretanto as autoridades ucranianas e os separatistas pró-russos acusaram-se mutuamente de estarem a violar o cessar-fogo. De um lado os separatistas dizem que as forças ucranianas violaram a trégua na cidade de Debaltseve e que as milícias pró-russas foram obrigadas a responder com fogo. Por seu turno, os militares ucranianos afirmaram que, duas horas depois da medida entrar em vigor, os rebeldes abriram fogo pelo menos por oito vezes contra eles.

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Os analistas lembram que em acordos anteriores o cessar-fogo também parecia estar assegurado e que caiu por terra, pelo que é muito importante estar atento às próximas 48 horas, referem.

Um dos pontos do acordo prevê que as autoridades de Kiev recuperem, até ao fim de 2015, o controlo total da sua fronteira com a Rússia no leste do país, onde numerosos pontos nas regiões de Donetsk e Lugansk estão controladas pelos separatistas.

De acordo com o acordo selado em Minsk, o fim das hostilidades é apenas o primeiro passo e deve ser seguido da criação de duas zonas desmilitarizadas com uma largura mínima de 50 km, a partir de segunda-feira. Os líderes europeus advertiram a Rússia de que poderia enfrentar sanções adicionais se o acordo de cessar-fogo não for respeitado.

As autoridades dizem que mais de 5.400 pessoas morreram desde que o conflito rebentou no leste da Ucrânia, em abril do ano passado, mas segundo a ONU terão morrido muitas mais.