A porta-voz do BE criticou hoje o primeiro-ministro por ter falado da lista para abusadores de crianças numa creche, condenando a proposta “com laivos de populismo” quando o Governo cortou na rede social que protege os menores.

“O abuso sexual de menores é um crime hediondo, mas falar de propostas sobre abusos sexuais de menores numa creche é algo que nos insulta a todos. Julgo que o senhor primeiro-ministro foi, no mínimo, muito infeliz na escolha”, afirmou Catarina Martins.

Questionada sobre o assunto numa conferência de imprensa sobre penhoras à habitação, a porta-voz bloquista argumentou que “as crianças não são cenários para apresentar propostas e muito menos propostas desta natureza”.

“Como fazemos sempre, vamos analisar as propostas quando elas entrarem na Assembleia da República e determinar o sentido de voto, mas lembro que o abuso sexual de crianças, que é um crime hediondo, que nos aflige a todos, é infelizmente quase sempre um crime que acontece no seio da família, mais de 90 por cento dos casos”, afirmou.

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Catarina Martins disse que “este Governo dispensou as educadoras que, na Segurança Social, acompanhavam as comissões de proteção de crianças e jovens, que reportavam os problemas de abusos no seio da família”.

A porta-voz do Bloco sustentou que “uma proposta assim apresentada, de uma forma tão inábil, com laivos de um populismo que nada resolve, é também uma proposta que quer esconder os problemas verdadeiro do país e a forma como este Governo desprotegeu efetivamente as crianças”.

“Um crime hediondo exige que o Estado tenha meios e recursos para o combater e para isso não podemos estar a acabar com a rede social que deteta os casos e protege as crianças”, sublinhou.

O primeiro-ministro afirmou no sábado que o Governo está firme em permitir o acesso ao registo de condenados por crimes sexuais contra menores não apenas às instituições do Estado mas também aos pais ou quem tenha a tutela das crianças.

O Governo aprovou na quinta-feira uma proposta de lei que estabelece “a criação de um registo de identificação criminal de condenados por crimes contra a autodeterminação sexual e a liberdade sexual de menores”, que seguirá agora para o parlamento, tendo Passos Coelho falado sobre o tema na cerimónia de inauguração da Creche de Santa Luzia, da Santa Casa da Misericórdia da Maia, distrito do Porto.

“Estamos dispostos a ouvir outras propostas mas estamos muito firmes perante a gravidade destes crimes a permitir não apenas que o Estado possa desempenhar um papel mais eficaz a proteger as crianças, mas achamos também que os pais, as famílias, quem tem a tutela parental, em circunstâncias muito especiais, deve também poder usar alguma informação que o Estado tenha para poder evitar que crimes desta natureza ocorram”, defendeu.