A Petrobras vai sair do escândalo de corrupção em que está envolvida “mais forte, mais competitiva e mais capacitada”, afirmou Manuel Ferreira de Oliveira, presidente da Galp Energia, à margem de uma intervenção em Lisboa.

Considerando que o problema que se vive na petrolífera estatal brasileira “foi ali implantado” e “quanto mais depressa se resolver melhor”, Ferreira de Oliveira afirmou que a empresa “vai sair deste processo mais forte, mais competitiva e mais capacitada”.

O presidente da Galp Energia falou à agência Lusa antes do início da palestra “Oportunidades de negócios decorrentes das descobertas de O&G [sigla inglesa para petróleo e gás] na CPLP”, organizada no auditório da Auditório da SRS Advogados pelo Fórum de Administradores de Empresas no âmbito da iniciativa “Encontros de Gestores”.

Defendendo que a Petrobras “é, indiscutivelmente, a empresa petrolífera do mundo com mais saber e mais experiência na exploração e produção de petróleo e gás no ‘ultra deep offshore’ [exploração em águas muito profundas] “, o responsável da Galp sublinhou que “o conhecimento está lá, os profissionais estão lá, e são do melhor que há no mundo”.

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Apesar de considerar que o escândalo de corrupção em torno da Petrobras é “um processo difícil para todos os que estão a vivê-lo no dia-a-dia” e perante o qual a empresa brasileira “tem pela frente um trabalho gigantesco”, Ferreira de Oliveira disse acreditar que “o resultado vai ser positivo”.

“Esta situação entristece-nos a todos, entristece e muito a esmagadora maioria dos colaboradores da Petrobras, porque, às vezes, ao falar dos problemas que estão hoje nas páginas dos jornais, esquecemos que 99,99% dos trabalhadores da empresa são pessoas tão dignas, competentes e profissionais como todos nós”, sublinhou à Lusa, desejando que, “passada esta onda de preocupação, se regresse à normalidade necessária para a Petrobras poder cumprir o seu dever”.

No início de fevereiro, o presidente da Galp Energia havia declarado não estar a sentir “implicações materiais” nos projetos em que estava envolvido com a Petrobras”.

A situação na petrolífera brasileira levou a presidente brasileira, Dilma Rousseff, a anunciar um conjunto de medidas, que submeterá ao Congresso, para reforçar o combate à corrupção.

Entre as medidas propostas consta uma que regulamenta uma lei contra a corrupção já aprovada sobre as práticas ilícitas no setor privado, endurecendo as penas para os empregadores que se envolvam em crimes contra o erário público.

Essa medida pode afetar diretamente 18 empresas privadas contra as quais a procuradoria-geral instaurou dois processos administrativos por alegado envolvimento na rede de corrupção na Petrobras.

No âmbito deste escândalo, estão também sob investigação 50 políticos, na sua maioria da base de apoio a Dilma Rousseff, e entre os quais o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), João Vaccari, por supostas manobras para conseguir dinheiro da Petrobras para as campanhas do partido no poder.