O Governo da Tunísia anunciou ter desmantelado o essencial da “célula terrorista” responsável pelo ataque ao museu do Bardo apesar de pelo menos quatro suspeitos, dois marroquinos, um argelino e um tunisino, permanecerem em fuga.

“Foram presas 23 pessoas, incluindo uma mulher, que integravam uma célula terrorista”, disse, em declarações aos media, o ministro do Interior, Najem Gharsalli, numa referência ao desmantelamento de “80% desta célula” envolvida no ataque ao museu.

Todos os detidos são de nacionalidade tunisina. Mas pelo menos dois marroquinos, um argelino e um tunisino estão ainda em fuga. Este último, Maher Ben Mouldi Kaidi, é acusado de ter fornecido armas automáticas aos dois homens que abateram em 18 de março 21 pessoas, 20 turistas estrangeiros e um polícia, adiantou o mesmo responsável. Os dois assaltantes foram mortos após intervenção de forças especiais tunisinas.

Por sua vez, o chefe deste grupo, identificado como Mohamed Emine Guebli, terá sido detido. No entanto, o ministro indicou que “a operação terrorista foi dirigida pelo terrorista Lokmane Abou Sakhr”, um líder ‘jihadista’ de nacionalidade argelina e considerado um dos dirigentes do Okba Ibn Nafaa, um grupo filiado na Al-Qaida e perseguido pelo exército há mais de dois anos nas montanhas fronteiriças com a Argélia.

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Desta forma, o ministro questionou a reivindicação do grupo Estado Islâmico (EI), ao considerar que o ataque foi perpetrado pelos seus rivais da Al-Qaida do Magrebe Islâmico (Aqmi).

O ataque ao museu do Bardo, que suscitou forte reação no país e no exterior, foi o primeiro a provocar vítimas estrangeiras desde 2002, na sequência do atentado suicida de abril contra a sinagoga da Ghriba, ilha de Djerba e que provocou 19 mortos, incluindo 14 turistas alemães.

A presidência tunisina decidiu organizar no domingo, dia 29 de março, uma marcha internacional “contra o terrorismo” em Tunes, anunciada pelo Presidente Béji Caïd Essebsi durante uma intervenção televisiva na noite de quarta-feira, dia 25 de março.

“A Tunísia prossegue o seu combate ao terrorismo, mas também persiste no seu compromisso com as reformas políticas anunciadas”, disse o chefe de Estado que, segundo os observadores, representa o único país que garantiu uma transição para uma democracia consolidada na sequência das “primaveras árabes”, iniciadas em dezembro de 2010 em solo tunisino.