A comissão eleitoral da Nigéria suspendeu neste sábado as eleições presidenciais e legislativas em algumas localidades do país por problemas técnicos relacionados com o novo sistema de identificação de cartões de eleitores, mas o processo deve ser retomado no domingo.

A Comissão Eleitoral Nacional Independente do país declarou que houve “dificuldades” com a tecnologia dos novos cartões de eleitores biométricos em “várias” localidades, sem especificar um número, e que levaram à suspensão do ato eleitoral, segundo a AFP. “Em assembleias de voto onde a acreditação eleitoral foi suspensa, cumprindo as orientações existentes, serão tomadas medidas para que os eleitores possam votar no domingo”, disse o comissário Chris Yimoga aos jornalistas em Abuja, capital da Nigéria.

Já esta manhã, o Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, que se recandidata ao cargo, tentou votar hoje, na companhia da sua mulher, Patience, mas problemas com a nova tecnologia de votação obrigaram-no a abandonar a secção de voto. O Presidente em exercício, que pretende conquistar um segundo mandato, chegou à mesa de voto da sua cidade natal, Otuoke, no sul do estado de Bayelsa, pelas 09:20 locais (08:20 em Lisboa) para iniciar o processo de acreditação.

No entanto, o sistema tecnológico para ‘ler’ dados biométricos dos cartões de identificação dos eleitores, que está a ser usado pela primeira vez, aparentemente não funcionou, obrigando Goodluck Jonathan a adiar a intenção de votar. Vários ataques perpetrados por grupos islamistas radicais contra assembleias de voto no país fizeram já sete mortos, segundo números avançados pela AFP.

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Os extremistas armados dispararam contra os locais de votos e as filas de eleitores que aguardavam a sua vez de votar. Algumas assembleias reabriram depois dos ataques, mas outras permaneceram encerradas, segundo relatos de testemunhas no local, que referiram que muitas pessoas fugiram, assustadas, não regressando.

Abubakar Shekau, o líder do grupo islamista Boko Haram, ameaçou no mês passado que tentaria impedir o processo eleitoral, que considera “não conforme ao Islão”, num vídeo publicado na rede social Twitter. “Essas eleições não vão acontecer, mesmo que nos matem. Mesmo que já não estejamos vivos, Alá não o permitirá”, declarou ele, na altura.

Cerca de 68,8 milhões de nigerianos são chamados às urnas para elegerem um novo Presidente e um parlamento, num ambiente de tensão devido ao risco de violência política e à ameaça de atentados islamitas.

Os candidatos à chefia do Estado são 14, entre os quais se encontra pela primeira vez uma mulher, mas a disputa, que se prevê renhida, envolve o cessante Goodluck Jonathan e o ex-general Muhammadu Buhari, que dirigiu a Nigéria, à frente de uma junta militar, entre 1983 e 1985.