O Governo grego liderado pelo Siryza deve demitir-se no caso de não conseguir chegar a um compromisso com os credores internacionais que assegure um programa livre de medidas de austeridade, afirmou o ministro para a Reconstrução da Produção numa entrevista ao jornal Kathimerini. Panagiotis Lafazanis acrescentou estar confiante de que o Executivo grego conseguirá atingir os seus objetivos, mas defendeu que, se não cumprir, deve passar o “testemunho”, o que conduziria a novas eleições legislativas na Grécia onde as sondagens mais recentes apontam para uma nova vitória do Siryza.

O responsável do governo de Atenas afirmou que “não há nada mais repulsivo ou estranho do que o poder pelo poder” e adiantou: “Se não conseguimos ter sucesso, a melhor coisa que temos a fazer é passar a pasta. Mas poderemos ter sucesso se mostrarmos determinação, coragem e dedicação aos nossos princípios”. Lafazanis sublinhou que a Grécia necessita de um programa coerente, e não apenas de metas para cumprir, que seja “progressivo e se foque no alívio da dívida, no fornecimento amplo de liquidez à economia e num crescimento baseado na produção”.

As declarações de Panagiotis Lafazanis surgem num dia em que era suposto as equipas técnicas da Grécia e dos credores internacionais — Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia — completarem, após quatro dias de discussões, um acordo sobre as medidas que Atenas terá de assumir em troca do desbloqueamento de um financiamento de 7,2 mil milhões de euros. Apesar de as conversações estarem encalhadas em vários pontos das reformas exigidas pelos credores, o porta-voz do Governo grego, Gavriil Sakellaridis, manifestou-se otimista, neste domingo, de que um acordo ainda poderá ser alcançado até esta segunda-feira e defendeu que um fracasso na tentativa de fazer um consenso “honesto” deveria conduzir a um referendo junto dos eleitores gregos.

Fontes ligadas às negociações afirmaram que os negociadores gregos se têm mostrado mais disponíveis para fazer um acordo, mas questões como a reforma das leis laborais são um dos aspetos em que o consenso tem sido difícil de alcançar. Atenas estaria disposta a adotar apenas uma taxa de imposto sobre o valor acrescentado (IVA), em vez das três que vigoram atualmente, e reduzir as isenções, embora este tenha sido um ponto em que Alexis Tsipras, primeiro-ministro da Grécia, mostrou discordância ao alegar que iria atingir as pessoas de menores rendimentos. Pelo contrário, em relação ao aumento do salário mínimo e a cortes nas pensões de reforma, a Grécia mantém uma posição irredutível.

“Há progressos, mas também existem muitas questões em aberto”, afirmou uma fonte que representa os credores internacionais, citada pela Bloomberg, “mas não sabemos de quanto tempo mais vamos precisar”. Esta é uma das questões decisivas para a Grécia que, na quarta-feira, 6 de maio, tem de fazer um pagamento de 200 milhões de euros ao FMI, a que se somam 750 milhões a reembolsar a 12 de maio. Fontes envolvidas nas negociações manifestaram-se céticas sobre a possibilidade de haver “fumo branco” até 6 de maio, quando o conselho de governadores do BCE vai reunir-se com o objetivo de discutir os financiamentos de emergência ao sistema bancário grego.

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