O comité executivo da Frente Nacional suspendeu o fundador do partido Jean-Marie Le Pen. A decisão foi tomada numa reunião que aconteceu na tarde de segunda-feira, onde foram analisadas declarações do patriarca do partido de extrema-direita francês acerca do Holocausto.
No início de abril, Jean-Marie Le Pen reiterou numa entrevista televisiva uma declaração sua de 1996, dizendo que as câmaras de gás que a Alemanha nazi usou para matar judeus no Holocausto foram “um mero detalhe em toda a história da Segunda Guerra Mundial”.
A declaração não caiu bem no seio do partido, liderado desde 2011 por Marine Le Pen, filha de Jean-Marie. Nessa altura, a presidente da Frente Nacional disse que o seu pai estava a ser “deliberadamente provocador”. “Discordo profundamente dele”, disse ao jornal francês “Le Figaro”.
O último, e talvez mais caricato, episódio de atrito entre pai e filha foi no domingo. No final do tradicional desfile do 1º de maio da Frente Nacional, Marine Le Pen preparava-se para começar a discursar. Enquanto isso, o seu pai subiu ao palco e, de costas virada para a filha, ergueu os braços para o público. O ancião foi aplaudido por breves instantes, até que saiu de palco pelo seu próprio pé.
Mais tarde, Marine Le Pen classificou este gesto como “maldoso” em que o seu pai demonstrava “ressentimento”. “Parece-me que ele não suporta que a Frente Nacional continue a existir sem ele no topo.”
Além da suspensão de Jean-Marie Le Pen, o comité executivo do partido de extrema-direita determinou que, nos próximos três meses, vai promover uma votação em que os seus militantes vão poder escolher se querem ou não que se mantenha o cargo de “presidente honorário”. Ora, este lugar é ocupado por nada mais, nada menos do que Jean-Marie Le Pen.