O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anulou a proibição imposta aos palestinianos de utilizarem os mesmos autocarros que os colonos judeus, uma medida que tinha sido condenada e classificada por ativistas dos direitos humanos como “separação étnica”.

O recuo em relação à proibição surgiu no dia em que a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, iniciou a sua primeira visita à região desde que o novo Governo de direita israelita tomou posse, na semana passada.

O projeto-piloto de três meses que impedia os trabalhadores palestinianos de regressar a casa, na Cisjordânia, vindos de Israel, em autocarros israelitas tinha começado apenas hoje de manhã, depois de ter sido aprovado pelo conservador ministro da Defesa, Moshe Yaalon.

Foi imediatamente atacado pelos grupos de defesa dos direitos humanos e civis e pela oposição, que o classificaram como uma jogada “sem precedentes” que infligiria aos palestinianos uma humilhação desnecessária e acabaria por ser prejudicial para Israel.

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O departamento de Estado norte-americano, através da porta-voz adjunta, Marie Harf, saudou o abandono deste plano.

“Pensamos que foi uma decisão positiva suspendê-la. Sabemos também que esta proposta tinha causado considerável controvérsia, e penso que por boas razões”, declarou.

O Presidente israelita, Reuven Rivlin, afirmou lamentar que o projeto “pudesse ter conduzido a uma impensável separação entre carreiras de autocarro para judeus e árabes”.

“Não posso fazer outra coisa que não lamentar as vozes discordantes que se fizeram ouvir esta manhã, apoiando a separação entre judeus e árabes com base em ideias indizíveis”, sustentou.

O Presidente palestiniano, Mahmud Abbas, disse a Mogherini, quando se encontraram na cidade cisjordana de Ramallah, que o novo Governo de Natanyahu representava uma ameaça para a resolução do conflito israelo-palestiniano.

“Todos os nossos esforços são, agora, para salvar a solução de dois Estados de um Governo israelita que escolheu os colonatos”, disse Abbas, citado pelo negociador palestiniano Saeb Erakat.

Números oficiais israelitas indicam que há 52.000 palestinianos da Cisjordânia com vistos de trabalho de Israel.

E dados do Banco Mundial referem que há mais 40.000 que trabalham ilegalmente em Israel.

A rádio pública disse que Yaalon concordava com a proibição porque esta permitiria “um melhor controlo dos da saída dos palestinianos de Israel e uma redução das ameaças à segurança”.