Marcelo Rebelo de Sousa criticou este domingo o Banco de Portugal por não dar explicações sobre o processo de venda do Novo Banco, considerando que este assunto deve ser “uma prioridade”. “Tem de ser resolvido rapidamente. Se não, apodrece“, afirmou o comentador, na TVI, considerando que “está a haver uma especulação em relação ao valor e ao futuro deste banco criado há um ano e tal que não é boa para o sistema financeiro português”.

O ex-líder do PSD considerou mesmo que se está perante um “um problema de dano reputacional” e que deve “ser resolvido rapidamente porque o Banco de Portugal se comprometeu” a vender o Novo Banco no prazo de um ano. Marcelo criticou diretamente o governador do BdP, Carlos Costa, apelando a que quebrasse o silêncio. “Convinha explicar aos portugueses, até porque está envolvido dinheiro público (que vai ser recebido com juros e bons juros, mas por enquanto é dinheiro publico), que não há problema nenhum, e que se é para abrir um novo processo para haver novos bancos, que se diga o mais rapidamente possível”, explicou. Os concorrentes chineses Anbang e Fosun desistiram da compra e as últimas notícias indicavam que o BdP iria negociar com o terceiro pretendente, a Apollo.

Já sobre o Governo, Marcelo considerou que, apesar de dizer que “isto é competência do BdP”, “devia ser o primeiro interessado em ajudar a convencer o BdP a dar rapidamente uma explicação sobre esta matéria”. O comentador não deixou passar ainda a declaração de Passos-candidato a colocar-se ao lado dos lesados do BES, numa ação de campanha em Braga. “O primeiro ministro achou que devia dialogar. Naquela ocasião o que lhe ocorreu foi a questão da subscrição pública. Ocorreu-lhe aquela, não tinha preparado. A ideia era boa, a forma não foi certamente a mais feliz. Ninguém deve deixar de ter justiça por falta de dinheiro”, criticou, considerando que entretanto “prudentemente Passos Coelho já recuou”.

Sobre os lesados do BES, que estão a aproveitar a campanha eleitoral para fazer manifestações, Marcelo afirmou que se andou a “empurrar com a barriga para a frente” e que foi “criando uma bola de neve, que caiu em cima da campanha eleitoral”. “Passou a ser usado como instrumento político-partidário”, lamentou.

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Sábado de manhã, em Braga, o líder social-democrata prometeu a um lesado do BES que dizia não ter dinheiro para ir a tribunal que, nesse caso, organizaria “uma subscrição pública para os ajudar a recorrer ao tribunal”. “Compromete-se? Perante a opinião pública, compromete-se?”, perguntou o idoso. “A ajudá-lo a ir para tribunal? Sim senhor, sim senhor! Disso pode ter a certeza”, retorquiu o primeiro-ministro.

Marcelo Rebelo de Sousa analisou este domingo os vários debates televisivos, que decorreram durante a semana. Elogiou Catarina Martins, do BE, (“muito bem”) e considerou que Paulo Portas “entrou numa estratégia de jogar para o empate: ser simpático, calmo, não ser muito ofensivo, muito crítico” mas que “provou-se no dia seguinte não ser uma boa estratégia”.

Sobre o duelo Passos-Costa, considerou que a sondagem que atribui primeira vitoria à coligação “foi o que levou Passos a ter a atitude que teve no debate – reagiu de forma cerebral, muito defensiva”. “Hoje, olhando para trás, acho que foi consciente, a postura com que ele quis aparecer. Acho que foi uma estratégia porque Paulo Portas fez o mesmo no dia anterior”, disse, acrescentando que “quem joga para o empate corre o risco de perder”.

Por causa disso, Marcelo está convencido que Passou mudou de estratégia. Aceitou a entrevista à RTP e “mudou” o discurso com Catarina Martins. “Manteve-se a substância, mudou o estilo e o tom. Agora não tem outro remédio se não jogar ao ataque”, afirmou, considerando que a coligação, mas também o PS “têm que pôr o pé no acelerador”. Sobre Costa, achou que na entrevista à RTP mostrou-se “excitado demais e irritável”.