A presidente da Câmara de Barcelona, Ada Colau, criticou as comemorações do Dia da Hispanidade, feriado nacional em Espanha celebrado esta segunda-feira em homenagem à chegada de Cristóvão Colombo ao continente americano.
Numa publicação no seu Twitter, Colau condena o governo espanhol por “celebrar um genocídio” e critica os gastos na realização do desfile militar anual em Madrid.
Vergüenza de estado aquel q celebra un genocidio, y encima con un desfile militar q cuesta 800mil €! #ResACelebrar #ResistenciaIndigena
— Ada Colau ???????????? (@AdaColau) October 12, 2015
No tweet, a presidente da Câmara de Barcelona utiliza as hashtags #ResACelebrar (“Nada a celebrar”) e #ResistenciaIndigena. Colau é líder da plataforma Barcelona en Comú (BComú) e foi eleita em maio deste ano.
Segundo assinala o jornal El Mundo, ela não é a única líder política que se opõe a celebrar o Dia da Hispanidade. O presidente da Câmara de Cádiz, José María González ‘Kichi’, publicou no seu Twitter que “[nesta data] massacramos e submetemos um continente e as suas culturas em nome de Deus” e que não há “nada a celebrar”.
Nunca descubrimos América, masacramos y sometimos un continente y sus culturas en nombre de Dios. Nada que celebrar. pic.twitter.com/OvzdLx13u0
— José María González 'Kichi' ۞ (@JM_Kichi) October 12, 2015
Ausências no desfile militar
O Dia da Hispanidade é marcado por um desfile militar anual em Madrid, ao qual assistem o rei Filipe VI, a Família Real, o Presidente do Governo, e representantes de todos os poderes do Estado espanhol.
Segundo avança o diário El País, o evento contou este ano com 3.500 militares e guardas-civis, 48 veículos e 53 aeronaves. Após o desfile, a Casa Real organiza uma receção, para a qual convida diversas autoridades, políticos e personalidades da justiça, cultura e sociedade do país.
De acordo com o El Mundo, Pablo Iglesias, líder do partido Podemos, recusou o convite participar deste encontro. Num comunicado enviado ao Palácio da Zarzuela, afirma que a sua presença “é mais útil na defesa dos direitos e da justiça social do país, como fazemos diariamente junto a outras pessoas, organizações e instituições” e que “combater a desigualdade é uma das nossas principais prioridades, como estamos certos que também será para a Chefia do Estado e, por tanto, estamos convencidos de que compreenderá esta decisão”.
Soma-se a Iglesias as habituais ausências do presidente regional da Catalunha, Artur Mas, e do presidente regional basco, Iñigo Urkullu. A lista também ganhou um novo nome: Uxúe Barkos, nova presidente de Navarra, que justificou a sua ausência devido a uma reunião no Comité das Regiões em Bruxelas, segundo conta o Diario de Navarra.
Albert Rivera, líder do partido Ciudadanos, não foi convidado para o desfile militar, porque apenas recebem um convite os porta-vozes dos grupos parlamentares da atual Legislação, segundo explica o El Mundo.
Da equipa de Mariano Rajoy, presidente do governo espanhol, estiveram ausentes apenas os ministros da Economia, Luis de Guindos, e do Exterior, José Manuel García-Margallo, por obrigações europeias. Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, esteve presente no desfile militar.
O Dia da Hispanidade, ou “Fiesta Nacional de Espanha”, foi instituído pelo rei Juan Carlos I através de um decreto assinado em 1987, no qual afirma que a data “simboliza o aniversário histórico em que Espanha, a ponto de concluir um processo de construção do Estado de nossa diversidade cultural e política, bem como a integração dos reinos da Espanha na mesma monarquia, começou um período de projeção linguística e cultural para além das fronteiras da Europa”.