“Informo que, embora com uma enorme mágoa, mas também com a firme convicção de que a História não nos deixará de julgar a todos, me vi constrangido, como única alternativa com um mínimo de dignidade, a apresentar, no passado dia 18 de novembro, a minha demissão”, refere em comunicado.

Na mesma nota, Garcia Pereira justificou a decisão com os “permanentes ataques pessoais e imputações infamantes de toda a ordem, sem qualquer possibilidade de debate”, que estão a ser feitos contra si no jornal do partido na Internet.

No documento, Garcia Pereira sublinha ainda que não vai prestar mais declarações ou informações sobre o assunto.

O jornal “Luta Popular”, auto-denominado “órgão central” do Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP), pediu, no dia a seguir às eleições legislativas, a suspensão de Garcia Pereira e de quatro outros membros do seu comité central. No comunicado, assinado por “Espártaco”, o pedido de suspensão é atribuído à “incompetência, oportunismo e anticomunismo primário”.

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Militante do MRPP desde 1974, Garcia Pereira é, nesse comunicado, tido como o maior responsável pelos resultados negativos do partido nas legislativas deste mês. “O PCTP/MRPP obteve uma votação nacional inferior, em quase três mil votos, à votação nacional do sufrágio legislativo de 2011, perdeu mais de três mil votos no círculo de Lisboa, mais de mil e duzentos votos no concelho da capital, cerca de quatrocentos votos na Região Autónoma da Madeira e, com prelação ao sufrágio regional de Março passado naquele arquipélago, desapareceram mais de seiscentos votos”, lê-se.

Logo na noite das legislativas, a 4 de outubro, o PCTP/MRPP divulgou um comunicado na página oficial do partido, assinado por “Marta”, onde se lê que “muito embora não tenha alcançado o seu objectivo de eleger deputados – ainda que mantendo o essencial do seu eleitorado -, continuará a combater desde o início o governo de traição nacional que vier a sair destas eleições e a bater-se pela formação de uma ampla frente popular de unidade democrática e patriótica que conduza à formação de um governo”, mas, em nenhum ponto desse comunicado, ou até à data, o PCTP/MRPP comentou oficialmente o comunicado do “Frente Popular”.

O Observador tentou contactar, sem sucesso, Garcia Pereira.

O PCTP/MRPP vai reunir-se num congresso extraordinário, marcado para os dias 29 e 30 de abril e 1 de maio de 2016.