A presença, inédita, de quase uma dezena de filmes portugueses no Festival de Cinema de Berlim é um sinal da qualidade e persistência de produtores e realizadores, disse à agência Lusa Ana Isabel Strindberg, da agência Portugal Film.
O 66.º festival de Berlim começa quinta-feira e contará com oito filmes de produção portuguesa, três dos quais na competição oficial pelo Urso de Ouro: a longa-metragem “Cartas de guerra”, de Ivo Ferreira, e as curtas-metragens “Balada de um batráquio”, de Leonor Teles, e “Freud und Friends”, de Gabriel Abrantes.
Para Ana Isabel Strindberg, da Portugal Film – a agência de internacionalização do cinema português -, a presença de tantos filmes em Berlim significa que os produtores e realizadores portugueses “persistem e acreditam no que têm em mãos”.
Este ano, em Berlim, há realizadores repetentes, como Gabriel Abrantes, mas para outros é uma estreia absoluta, como é o caso de Leonor Teles, com a primeira curta-metragem depois de ter terminado os estudos.
Muitos dos filmes selecionados também contaram com coproduções, o que significa que há uma maior circulação do cinema português, e a isto junta-se ainda um trabalho de bastidores que os festivais portugueses têm feito, ao convidar programadores estrangeiros, sublinhou Ana Isabel Strindberg.
Estar em Berlim, onde se concentram atores, produtores, realizadores, programadores, distribuidores, praticamente toda a cadeia de valores da indústria do cinema, permite ainda uma maior visibilidade internacional, referiu.
Fora de competição, em Berlim, vão estar ainda os filmes “Eldorado XXI”, de Salomé Lamas, “Posto avançado do progresso”, de Hugo Vieira da Silva, “Rio Corgo”, de Maya Kosa e Sérgio da Costa, “L’oiseau de la nuit”, de Marie Losier, e “Transmission from the Liberated Zones”, de Filipa César.
No Berlinale Talents, outro dos programas paralelos, estarão o produtor Pedro Fernandes Duarte e os realizadores André Marques e Inês Oliveira.
Para o programa “Co-Production Market”, no qual produtores e realizadores procuram parceiros para a produção de novas obras, estará o ator Gonçalo Waddington, com o projeto da primeira longa-metragem, intitulada “Patrick”.
A Portugal Film, criada em 2015, está pela segunda vez em Berlim para promover as curtas-metragens de Gabriel Abrantes, Leonor Teles e Marie Losier, três filmes de um catálogo que conta com cerca de 20 produções portuguesas, em busca de visibilidade internacional.
“Na Portugal Film fazemos pontes e contactos. Percebe-se que, lá fora, há interesse em coproduzir filmes portugueses e, por vezes, é preciso fazer essas ligações, ‘lobbing’, sermos, no fundo, facilitadores de um contacto”, descreveu Ana Isabel Strindberg.
Ao nível institucional, em Berlim, estará ainda a presidente do Instituto do Cinema e Audiovisual, Filomena Serras Pereira. O ministro da Cultura, João Soares, deverá marcar presença no fim de semana, no âmbito de uma visita oficial a Berlim.
O festival decorrerá de 11 a 21 de fevereiro e a abertura ficará por conta de “Hail, Caesar!”, filme dos irmãos Ethan e Joel Coen, protagonizado por George Clooney.
O júri, que atribuirá o Urso de Ouro e o Urso de Prata, será presidido pela atriz norte-americana Meryl Streep.
Da programação destaca-se ainda a entrega do prémio de carreira a Michael Ballhaus, uma homenagem ao músico David Bowie, ao ator Alen Rickman e ao realizador Ettore Scola, falecidos este ano.