Os pais de um bebé que foi retirado em fevereiro, com nove dias, pelos serviços sociais ingleses, pedem às autoridades portugueses que intercedam junto do Reino Unido para que o filho lhes seja devolvido e não entregue para adoção.
A mãe, a portuguesa Iolanda Menino, e o pai, Leonardo Edwards, de nacionalidade britânica, já pediram audiências ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, ao ministro dos Negócios Estrangeiros e aos partidos com assento parlamentar, e têm realizado protestos em Lisboa para pedir a intervenção das autoridades portuguesas.
O casal teve um filho, na sua casa em Southampton, a 01 de fevereiro, mas o bebé foi-lhes retirado pelos serviços sociais ao fim de nove dias.
“Quero a certeza de que o menino nos é entregue. Senão, todos vão ser testemunhas de um rapto de um bebé. É a vida de um bebé que está em causa”, disse à Lusa Iolanda Menino.
A mulher afirma que o tribunal não tem acusações contra o casal: “Não há motivo nenhum para terem o menino longe dos pais. Não há alegações, então entreguem o menino”, exigiu a mãe.
O casal relatou à Lusa que, na sequência do parto, a mulher sofreu uma hemorragia e foi internada, no mesmo dia, para a remoção da placenta, e teve alta no dia seguinte.
O casal acusa a enfermeira do sistema nacional de saúde que foi a casa acompanhar o parto – onde já estava uma ‘doula’ contratada pelo casal – de puxar o cordão umbilical, provocando uma forte perda de sangue.
No terceiro dia de vida da criança, duas enfermeiras do sistema nacional de saúde dirigiram-se à casa de Iolanda e Leonardo, em ocasiões diferentes, para observar o bebé, mas eles recusaram-se a abrir a porta, alegando que a mãe estava cansada e que não havia marcação para estas visitas. Também um agente da polícia se deslocou depois à sua casa, tendo, então, visto a criança. Ficou marcada uma consulta com uma enfermeira para o dia 12 de fevereiro.
Os pais levaram a criança para o hospital aos cinco dias de vida por ter icterícia. Santiago ficou internado para um tratamento de três dias, mas os pais foram então informados de que o tribunal decidira que a criança lhes seria retirada.
Iolanda Menino descreveu que não tiveram sequer oportunidade de se despedir do filho, porque quando tentaram fazê-lo, disseram-lhes que o bebé já tinha sido levado.
Desde então, o casal viu o bebé em períodos diários de 90 minutos, mas não diariamente, até 04 de março, quando o viram pela última vez.
Em abril, os dois vieram para Portugal para reclamar o apoio dos responsáveis nacionais e afirmam que no Reino Unido foram impedidos de falar publicamente sobre o caso, sob ameaça de prisão, razão por que se recusam a regressar àquele país.
As autoridades inglesas, que se escusaram à Lusa a comentar casos particulares, deverão decidir, na próxima sexta-feira, dia 20, se entregam a criança definitivamente para adoção, mas Iolanda Menino e Leonard Edwards instaram os serviços sociais do Reino Unido a entregar-lhes a criança, esta quarta-feira à tarde, no aeroporto de Lisboa.