Jerónimo de Sousa ainda não tinha reagido à morte de Mário Soares. Foi esta tarde, à saída do Mosteiro dos Jerónimos, depois de prestar homenagem ao antigo Presidente da República, que o secretário-geral comunista recordou Mário Soares como “um combatente contra a ditadura fascista”. E lembrou ainda que defendeu presos políticos, como advogado, “num tempo em que era difícil fazê-lo”.

Mas sem esquecer o mundo que os separou e as “divergências profundas” que o PCP e Mário Soares tiveram no pós-25 de abril. Confrontado pelos jornalistas com a história que fica dessa relação, Jerónimo de Sousa disse que “a história não se inventa, mas existirão sempre interpretações diferentes”, preferindo centrar-se no período em que lutaram pelo mesmo objetivo, a revolução de abril.

O momento é de pesar, de perda e de respeito pela morte” de Mário Soares, sublinhou Jerónimo de Sousa, à saída do Mosteiro dos Jerónimos, onde esteve para apresentar condolências à família e ao Partido Socialista.

Acompanhado pelo deputado António Filipe e pelo líder parlamentar do PCP, João Oliveira, o secretário-geral comunista entrou no mosteiro pela porta da igreja, por onde entrou também o ex-presidente da República Jorge Sampaio, e apresentou condolências à família de Mário Soares, cujos restos mortais estão em câmara ardente na Sala dos Azulejos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Tal como fizera o Secretariado do Comité Central do PCP na primeira reação oficial à morte do antigo chefe do Estado, Jerónimo de Sousa enumerou os cargos ocupados por Mário Soares “sem esquecer naturalmente e com uma grande franqueza as divergências profundas” com o PCP, em particular “após o 25 de Abril” de 1974 e “o seu papel no combate às grandes transformações económicas que resultaram da Revolução de Abril”.

“Independentemente disso, cremos nós, este é um momento de pesar e de apresentar as condolências a família e ao PS”, sublinhou.

Já quanto aos que dizem que Soares se debateu por evitar um regime comunista, Jerónimo de Sousa diz que essa visão está errada. “Muitas vezes quem escreve a história são os vencedores, mas a história não se apaga. Nós temos a nossa visão”.

Foi a primeira vez que Jerónimo de Sousa se pronunciou sobre a morte do histórico socialista. O PCP escolheu o dirigente José Capucho para fazer a leitura do comunicado oficial no sábado e no domingo foi o líder parlamentar João Oliveira e o deputado António Filipe que se descolaram ao largo do Rato para prestar homenagem.