Estimado Javier,
Nas últimas semanas conhecemos dados muito graves que ameaçam não só a qualidade mas também os princípios básicos da nossa democracia. Não se trata unicamente dos casos de corrupção no Partido Popular que não param de crescer, mas de assistirmos ao uso patrimonialista das instituições por parte do PP. Como concordarás comigo, os Ministérios da Justiça e do Interior trabalham mais para proteger o PP do que para cumprir as suas obrigações, o que supõe uma ameaça para a segurança de Espanha e dos seus cidadãos.
É desta forma que começa a carta de cinco parágrafos de Pablo Iglésias, secretário-geral do Podemos, para Javier Fernández, líder da Comissão de Gestão do PSOE. O objetivo final é claro: o partido quer reunir o máximo de apoios possíveis para a moção de censura que apresentou contra o Partido Popular, tentando colocar em risco o governo de Mariano Rajoy. Para isso, é pedida uma reunião para detalhar o porquê da moção.
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“Trata-se de um ataque direto à separação de poderes e ao Estado de Direito. A nossa obrigação, a bem da nossa pátria, das nossas gentes e dos nossos povos, é a de tentarmos convencê-los para mudar a atitude”, sublinha Pablo Iglésias.
“Estou consciente que não partilham desta ideia, mas permita-me recordar que, ao contrário do que se passava há dois anos, quando o vosso companheiro Pérez Rubalcaba sugeriu a possibilidade de apresentar uma moção de censura, hoje o Partido Popular não conta com maioria absoluta, nem somando os votos do Ciudadanos”, destaca.
Em paralelo, o El País publicou esta terça-feira uma sondagem em relação à tendência de voto em Madrid, caso as eleições se realizassem hoje. E o mais relevante do estudo é a queda que os partidos tradicionais tiveram, incluindo o PSOE, numa altura bastante conturbada e com uma sucessão de processos de corrupção envolvendo políticos.
Assim, e comparando com os resultados de 2015, o PP desce 7,4%, um pouco mais do que o PSOE, que, ao descer 5,7%, passa de segunda a quarta força política. No sentido oposto, o Podemos cresce 6,3% (24,9%, apenas a 0,8% do PP) e o Ciudadanos consegue o maior salto de todos, com uma passagem de 12,1% para 22,6%.