Os 120 euros de multa que os Minhotos Marotos tiveram de pagar quando foram apanhados em excesso de velocidade esta terça-feira podem vir a ser trocos – sobretudo se comparados com tudo o que podem ganhar graças à projecção que alcançaram nas horas seguintes.
O vídeo que publicaram na página de Facebook da banda logo a seguir atingiu rapidamente 3,3 milhões de visualizações. Tudo graças a uma decisão espontânea de Cláudia Martins, a fundadora e principal vocalista do grupo, que cantou de improviso uma música para os guardas da Brigada de Trânsito, como recordou ao Observador.
Tudo surgiu naturalmente. Saímos de Guimarães, por volta das 10h. Estávamos na A3 em direcção a Lisboa. Um polícia de mota manda-me encostar. Abro o vidro, entrego a minha identificação e a minha carta e ele disse: ‘Cláudia Martins? Não é aquela menina dos Minhotos Marotos?’. E depois: ‘Olhe, a menina vai ter de ser autuada, porque vinha a 182 km/h’. Eu entretanto pego no nosso CD e digo para o colega do agente: ‘Vocês vão-me dar uma recordação, mas eu também lhes deixo uma recordação’. E ele: ‘Mas vocês têm as concertinas?’. E eu: ‘Ó Ricardo’, que é um dos músicos que está comigo, ‘vai buscar a concertina.'”
Um dos guardas disse que tocava gaita de foles e começou a filmar. E os Minhotos Marotos começaram a cantar: “Bom dia senhores agentes, eu canto a tempo inteiro…” . “A letra foi de improviso”, garante Cláudia Martins.
Depois partilhou o vídeo no Facebook para os seguidores da banda, sem imaginar o impacto que iria causar. “Quando comecei a receber notificações sem conseguir dar vazão aos comentários e às partilhas, eu disse: ‘Este vai ser o nosso vídeo mais partilhado.’ Mas nunca pensei que fosse tanto”.
5 mil euros de cachê, para já
A editora Espacial colocou logo no Youtube alguns telediscos. O número de vezes que as músicas foram ouvidas no Spotify aumentou instantaneamente. E o telefone não tem parado: além dos pedidos de entrevistas da comunicação social, recebeu dezenas de contactos para agendar concertos para o Verão. Ficaram com a agenda cheia até Setembro. Cobram 5 mil euros de cachê, com o sistema de som incluído, e para já não cederam à tentação de subir o preço. “Provavelmente vai haver um investimento para uma maior produção, para podermos aumentar o cachê.”
A fundadora dos Minhotos Marotos começou a cantar ao desafio ainda muito nova, com um tio. Em 2009 fundou este grupo que tem hoje mais seis elementos em palco e desde então têm lançado um disco por ano. Mas nos concertos têm sempre canções com letras improvisadas, à medida que vão sendo projectadas imagens da assistência no palco.
Quanto ao nome do grupo, Cláudia Martins explica-o em três linhas: “Eu sempre gostei do estilo popular. As cantigas ao desafio sempre foram brejeiras e têm sempre aquele duplo sentido, daí o nome Marotos. Minhotos é pela região em que nos inserimos.”