“Cumprido o luto nacional” é tempo de “respostas”. O CDS anunciou esta quinta-feira que vai enviar 25 perguntas ao primeiro-ministro sobre a tragédia de Pedrógão Grande, salientando que “de um primeiro-ministro esperam-se respostas, não se esperam perguntas”. Assunção Cristas não pede, pelo menos para já, a demissão da ministra da Administração Interna, mas fala em “descoordenação” e diz que é tempo de apurar as devidas “responsabilidades políticas”.

Em conferência de imprensa no Parlamento, a presidente do CDS salientou que “cumprido o luto nacional” é dever do partido “contribuir para que todas as perguntas sobre esta tragédia sejam respondidas”. No leque de 25 perguntas, a que os centristas esperam resposta “célere”, o grupo parlamentar do CDS questiona, por exemplo, quem deu o primeiro alerta para o incêndio que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande, e que causou pelo menos 64 mortos, qual a causa ou causas do incêndio ou se o sistema de comunicações SIRESP falhou ou não.

Assunção Cristas questiona ainda o primeiro-ministro sobre se concorda com a ministra da Administração Interna, que disse em entrevista à RTP que “não há prova de ter havido qualquer falha na resposta do Estado”, se mantém a confiança em Constança Urbana de Sousa e se “assume que houve descoordenação política”.

“Na nossa perspetiva há muito por esclarecer e há muitas questões que têm versões contraditórias por parte de diferentes ministros e secretários de Estado. Obviamente se há tanta pergunta por fazer, é porque há muito por esclarecer”, justificou Assunção Cristas, sublinhando que é direito e dever dos partidos, e do Parlamento, fazer todas as questões ao Governo.

Sobre um eventual pedido de demissão da ministra da Administração Interna, a líder do CDS limita-se a dizer que, “para lá de todas as questões técnicas e operacionais há responsabilidades políticas que cada um tem de assumir”. “Ate agora a única coisa que vimos foi uma ministra a dizer que não tinha evidência de que o Estado tivesse falhado em alguma coisa, e um primeiro-ministro que ao invés de dar resposta aos portugueses faz perguntas à administração pública”, disse, exigindo respostas para o apuramento de responsabilidades.

Sobre as declarações do ministro da Agricultura, Capoulas Santos, que, em entrevista à SIC, apontou o dedo ao governo anterior, no qual Assunção Cristas era ministra da Agricultura, a presidente centrista contra-ataca apontando o dedo à atuação do atual governo nesta pasta.

“Esse ministro que fala de uma grande reforma das florestas é o mesmo ministro que deitou para o lixo a lei das terras abandonadas e sem dono conhecido, que ajudaria e muito a identificar as situações apontadas como difíceis; deitou abaixo um concurso de fundos comunitários para defesa da floresta contra incêndios; colocou no Parlamento um pacote legislativo a que o PS não deu impulso; e deixou parada a legislação sobre o cadastro florestal que PSD e CDS apresentaram e que ficou na comissão à espera que o Governo desse o seu contributo”, disse. E concluiu: “Devemos ter sentido do que fizemos mas também do que podemos vir a fazer”.

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