Mais de 20 emails como prova e a confirmação de quatro fontes próximas levaram o jornal Politico a dar a notícia: Jared Kushner, genro do Presidente Donald Trump e conselheiro na Casa Branca, utilizou uma conta de email pessoal para fins profissionais, violando as regras de transparência impostas pelo cargo.

A informação foi confirmada por Abbe Lowell, advogado do conselheiro, que emitiu um comunicado para esclarecer o tipo de emails e a data em que estes ocorreram. De acordo com o advogado, foram “menos de 100 emails”, trocados entre os meses de janeiro e agosto deste ano.

Normalmente eram notícias ou artigos de opinião e geralmente eram enviados quando alguém tinha tomado a iniciativa ao enviar um email para o seu endereço pessoal, em vez do endereço da Casa Branca.”

As trocas de emails foram por vezes feitas com outros membros do executivo, como o antigo chefe de gabinete Reince Priebus, o ex-conselheiro Steve Bannon ou o porta-voz Josh Raffel. Contudo, o artigo deixa claro que “não há qualquer indicação” de que Kushner tenha utilizado a sua conta pessoal de email para enviar ou receber qualquer material confidencial.

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Prisão para Hillary por causa de conta de email privada?

O assunto ganha especial relevância porque esta foi uma das razões pelas quais a candidata democrata Hillary Clinton mais foi atacada pela campanha de Donald Trump. Clinton foi investigada pelo FBI devido ao seu uso de um servidor de email privado para trocar correspondência oficial, a fim de averiguar se teria trocado informação secreta através dessa conta de email — investigação essa que foi entretanto encerrada.

Muitos dos apoiantes de Donald Trump repetiram durante toda a campanha que a conduta de Clinton teria sido criminosa, com os comícios do candidato a serem marcados pelos cânticos de “lock her up!” (“Prendam-na!”). A própria Hillary Clinton admitiu no seu livro de memórias, publicado recentemente, que o caso dos emails terá contribuído para a sua derrota. Ainda na sexta-feira passada, apoiantes do Presidente repetiram os cânticos, com Trump a responder-lhes “têm de falar com o Jeff Sessions sobre isso”, referindo-se ao procurador-geral dos Estados Unidos.

Uma fonte governamental, citada pelo New York Times, frisou que “ao contrário do caso de Clinton, o senhor Kushner não instalou um servidor privado”. Para já, esssa parecer ser a maior diferença entre os dois casos. Recorde-se que Jared Kushner, casado com Ivanka Trump (também ela conselheira do pai, Donald Trump), já esteve sob escrutínio devido a uma série de contactos que manteve com representantes russos e que não divulgou inicialmente. Tanto o uso da conta de email oficial como a divulgação de todos os contactos durante a campanha fazem parte das regras de transparência estabelecidas para a Casa Branca.