Roy Moore, ex-juíz republicano do Alabama e candidato ao Senado dos EUA, é acusado de ter aliciado sexualmente várias adolescentes, incluindo uma rapariga de 14 anos quando ele tinha cerca de 30 anos. Nunca terá tido sexo com nenhuma, mas é acusado de lhes ter oferecido álcool — copos de Mateus Rosé — e de as ter despido, beijado e apalpado. Donald Trump, que nunca o apoiou, diz que se as histórias forem verdadeiras, deve abandonar a campanha.
O escândalo rebentou na quinta-feira, com uma investigação do The Washington Post. Há mais do que uma mulher a acusar Roy Moore de assédio sexual enquanto eram menores, mas a reportagem do jornal centra-se no caso de Leigh Corfman, que tinha 14 anos quando foi, segundo a própria, abordada por Roy Moore.
Moore, hoje com 70 anos, era na altura um jurista em ascensão — era assistente do Ministério Público, com 32 anos. Estávamos em 1979.
Leigh e a mãe estavam sentadas à porta de uma sala de tribunal, num banco de madeira, quando um homem mais velho se aproximou, apresentou-se (como Roy Moore) e, depois de alguns minutos de conversa, ofereceu-se para tomar conta de Leigh enquanto a mãe ia para dentro da sala, para uma audiência sobre custódia de filhos. “Oh, não quero que ela vá lá para dentro ouvir essas coisas. Eu fico aqui com ela”.
A mãe, hoje com 71 anos, achou “uma gentileza” e aproveitou. Quando se apanhou sozinho com a rapariga, Moore conseguiu o número de telefone da casa dela e a morada. Passado alguns dias, segundo Leigh, Roy Moore marcou encontro e esperou no carro, numa esquina perto da casa da jovem. Andaram de carro durante algum tempo, dirigindo-se a um local mais isolado: foi aí que Moore terá dito a Leigh que era muito bonita, antes de a beijar.
Houve um segundo encontro, segundo Leigh, e aí o jurista despiu-se a tirou a blusa e as calças da rapariga. Depois de começar a tocar-lhe por cima da roupa interior, Moore tentou, também, que Leigh o tocasse nas partes íntimas com a mão dela. Aí, Leigh tentou acabar com aquilo e pediu a Roy Moore que a levasse a casa, recorda a mulher, hoje adulta. O caso ficou por ali, não houve penetração — Moore levou Leigh a casa.
Roy Moore diz que alegações são “completamente falsas”
A mãe só soube do caso muitos anos mais tarde, mas a jovem Leigh terá confidenciado na altura, a algumas amigas, que estava a ter uma relação com um homem mais velho.
Roy Moore terá continuado a aliciar outras jovens, mas Leigh Corfman terá sido a mais nova. Com outras, um pouco mais velhas mas também menores, Moore terá tido comportamentos semelhantes, que incluíam oferecer álcool — copos de Mateus Rosé, segundo o The Washington Post — quando a idade mínima legal para beber era 19 anos.
Quase 40 anos depois, o escândalo rebentou, mas o candidato a senador recusa qualquer crime ou conduta imprópria. “Estas alegações são completamente falsas e são um ataque político desesperado por parte do partido democrata e por parte do The Washington Post“.
Mas Donald Trump, que nunca apoiou este candidato a senador (era um homem próximo do ex-braço direito de Trump, Steve Bannon), diz que se as alegações forem verdadeiras, Moore deve abandonar a corrida para suceder a Jeff Sessions, que se prepara para abandonar o Senado. Mas Roy Moore já veio garantir que não irá ceder e vai continuar a candidatura.
“Tenho o dever de resistir e retaliar contra as forças do mal que estão a fazer uma guerra total contra os nossos valores conservadores”, afirma Roy Moore.