Michael Wolff, autor do polémico livro que Trump quer proibir — Fire and Fury: Inside the Trump White House —, garante que falou com o presidente norte-americano enquanto preparava o livro. “Se ele se apercebeu que era uma entrevista, isso não sei, mas com certeza que não foi [uma conversa] off the record”, disse o escritor e jornalista durante uma entrevista exclusiva ao programa Today da NBC, a primeira desde a publicação de excertos de Fire and Fury — que descreve os bastidores da presidência Trump — pelo The Guardian, que desencadeou uma tempestade política nos Estados Unidos da América.

A publicação da obra estava originalmente agendada para 9 de janeiro mas, em resposta aos esforços levados a cabo pelos advogados de Donald Trump para tentarem impedir o seu lançamento, a editora Henry Holt decidiu antecipá-lo para esta sexta-feira. “Para onde é que mando a caixa de chocolates?”, brincou o autor, admitindo que a polémica gerada por Trump está a ajudá-lo a vender mais livros. “Mas ele também está a ajudar-me a provar o objetivo do livro. Quer dizer, é extraordinário que um presidente dos Estados Unidos tente impedir a publicação de um livro. Isto não acontece, isto nunca aconteceu com os outros presidentes. Isto nunca aconteceria com um CEO de uma empresa de tamanho médio”, afirmou.

Trump, que negou por completo ter dado acesso a Michael Wolff à Casa Branca ou ter falado com ele, descreveu Fire and Fury como um conjunto de “mentiras, más interpretações e fontes que não existem”. Uma afirmação que Wolff desmente categoricamente: “Trabalho como qualquer jornalista, por isso tenho gravações, tenho notas”, disse à NBC, garantindo estar “completamente confortável“ com tudo o que relatou ao longo das 336 páginas de Fire and Fury. “A minha credibilidade está a ser questionada por um homem que, a esta altura, tem menos credibilidade do que qualquer pessoa que caminhou sobre a face da Terra.”

Durante a entrevista, Michael Wolff defendeu um dos pontos mais sensíveis do livro — as críticas feitas por aqueles que rodeiam o presidente norte-americano. Fire and Fury: Inside the Trump White House inclui testemunhos de inúmeros trabalhadores da Casa Branca que, na maioria dos casos, têm uma opinião depreciativa de Trump, que consideram ser inadequado para o cargo que ocupa. À NBC, o escritor e jornalista garantiu que este é o sentimento geral de quem com ele trabalha e que houve até quem o descrevesse como “um parvo, um idiota”.

Wollf, que falou “com pessoas que falavam com o presidente diariamente, às vezes com intervalos de poucos minutos”, explicou que as perguntas que tinha na cabeça quando começou a escrever o livro eram “como é que é trabalhar com Donald Trump, como é que se pode trabalhar com Donald Trump e como é que é ter trabalhado com Donald Trump”. “A descrição que todos eram é que ele é como uma criança. E o que eles queriam dizer com isso é que ele precisa de gratificação imediata. Este homem não lê, não ouve. É como um jogo de pinball, dispara de todos os lados.”

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