Depois dos Globos de Ouro, nos EUA, também a passadeira vermelha dos BAFTA, no Reino Unido, se vai vestir de negro. Algumas das mais conhecidas atrizes britânicas anunciaram que irão usar vestidos pretos na gala de entrega dos prémios da Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão (BAFTA, na siga inglesa), que decorre na noite deste domingo no Royal Albert Hall, em Londres.
Segundo o jornal britânico The Guardian, esta será a primeira grande demonstração de apoio entre as celebridades do Reino Unido ao movimento Time’s Up, criado em janeiro por personalidades norte-americanas para combater o assédio sexual na indústria do cinema. O movimento foi criado depois de serem conhecidas as alegações de assédio sexual contra o produtor norte-americano Harvey Weinstein, a que se seguiram dezenas de denúncias contra outros homens ligados ao meio.
Atrizes como Keira Knightley, Claire Foy, Kate Winslet, Emma Watson ou Jodie Wittaker vão juntar-se a dezenas de ativistas e mulheres que ficaram na história do Reino Unido pela luta pelos direitos das mulheres. Entre elas estarão Eileen Pullen e Gwen Davis, duas das trabalhadoras da fábrica da Ford em Dagenham que organizaram uma greve de três semanas quando souberam que as mulheres da empresa seriam classificadas como trabalhadoras não-qualificadas e teriam um corte de salário em relação aos colegas homens.
Também este domingo foi publicada no jornal Observer uma carta assinada por 190 atrizes britânicas e irlandesas que pedem o fim das desigualdades salariais e do problema do assédio sexual. “Irmãs, este é o nosso momento de dizer Time’s Up”, lê-se no título da carta, onde se defende que a indústria do cinema e televisão tem um papel “enorme” na “promoção de uma visão de uma sociedade igualitária”.
Uma outra carta ligada ao movimento Time’s Up, assinada por dezenas de ativistas e grupos britânicos que lutam pelos direitos das mulheres, foi publicada este domingo no Observer. “Por cada mulher na indústria do entretenimento que falou, há milhares de mulheres cujas histórias continuam por ouvir. Estes não são incidentes isolados. Isto é uma questão de poder e desigualdade, e é sistémica”, lê-se na segunda carta.