Na praça do Martim Moniz, em Lisboa, momentos antes do arranque da manifestação do 1.º de Maio, a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, encontrou-se com o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos. Os dois conversaram, trocando argumentos sobre o que já foi feito e o que ainda falta fazer até ao final do mandato deste Governo. E houve discordância sobre o ritmo a que deve ser feito aquilo que, para Arménio Carlos, falta fazer.

Logo à chegada, Ana Catarina Mendes assinalou a Arménio Carlos que estava ali “muita gente”. “É verdade. É um sinal para o Governo fazer mais e melhor. Têm o apoio da CGTP para fazer mais e melhor, mas têm que andar mais depressa”, respondeu Arménio Carlos, dando o mote para uma troca de argumentos com a dirigente socialista, em que esta passou em revista as medidas tomadas pelo Governo no sentido de melhorar os rendimentos e condições de vida dos trabalhadores, como o aumento do Salário Mínimo Nacional, que volta a aumentar em 2019.

Ana Catarina Mendes afirmou que se o 1.º de Maio é também um “dia de festejo” por essas conquistas, não deixa de ser “um sublinhar do que é necessário fazer daqui para a frente”, ao que Arménio Carlos pediu rapidez. “Nós temos uma maratona e esta maratona tem um objetivo, que é chegar ao fim. Para chegar ao fim temos de ir avançando”, disse o líder sindical.

Na resposta, Ana Catarina Mendes frisou uma ideia que voltaria a repetir em resposta aos jornalistas: “Para chegar não podemos dar todos os passos ao mesmo tempo”.

No entanto, Arménio Carlos lembrou que há um passo em concreto que CGTP-IN e Governo podem dar “em conjunto”, que é o que diz respeito à legislação laboral. O sindicalista entende que, como está, “desequilibra completamente as relações no trabalho” e que é preciso melhorar salários, a contratação coletiva e combater a precariedade.

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A secretária-geral adjunta do PS disse que a precariedade “tem sido um combate permanente” dos socialistas e que essa é uma promessa que o Governo “está a tentar resolver até ao final deste ano”.

Questões como a contratação coletiva Ana Catarina Mendes preferiu remeter para a concertação social, “o espaço ideal para se debater tudo isso e encontrar consensos”, ao que Arménio Carlos respondeu pedindo que “não confiem muito em conseguir encontrar consensos na concertação social com os patrões, porque eles não querem mexer em nada”. “Nós não podemos dar todos os passos ao mesmo tempo, mas as conquistas que fizemos ao longo destes dois anos e meio são muito positivas para os nossos trabalhadores”, disse a dirigente socialista.

Arménio Carlos afirmou que “hoje é o momento de refletir e, sobretudo, de agir em relação ao futuro” e recusou aceitar a manutenção do discurso que vigorou quando a economia estava em recessão e estagnada, que defendia que não podia haver aumentos salariais nessas condições, dizendo que agora que a economia está a crescer o discurso tem que mudar: “O que nós dizemos é que isto assim não dá”. “Estamos de acordo com esta ideia: até aqui o que foi feito é muito positivo. Daqui para a frente temos que fazer mais e melhor”, concluiu Arménio Carlos.