Quem tiver passado pelas ruas de Catalunha nos últimos meses é capaz de ter reparado que, entre bandeiras da região autónoma e bandeiras espanholas, podiam ver-se, aqui e ali, laços amarelos. Os menos atentos poderão não ter reparado nestes símbolos; outros haverá que, apesar de terem dado conta, não terão entendido a simbologia. Mas nas últimas semanas a proliferação de laços amarelos na via pública cresceu de tal forma que nem o mais distraído dos transeuntes terá ficado indiferente a estes objetos.

Os laços amarelos servem para simbolizar solidariedade com os políticos que foram detidos por ter ajudado a organizar o referendo sobre a independência da Catalunha que se realizou em outubro do ano passado, à revelia das indicações do governo central, na altura chefiado por Mariano Rajoy. Foi, aliás, na sequência dessa vaga de detenções que Carles Puigdemont, ex-líder da Generalitat, saiu de Espanha e pediu asilo à Bélgica, onde está atualmente.

Houve um aumento deste tipo de manifestação nas últimas semanas, depois de o movimento “España Ciudadana”, associada ao Ciudadanos, ter lançado uma campanha para que se retirassem da via pública todos os símbolos independentistas. Em resposta, vários cidadãos que estão a favor da independência começaram a colocar laços amarelos na via pública, aumentado de forma significativa o número de manifestações deste tipo.

Quanto mais laços amarelos se colocavam nas ruas maior dimensão tinham os grupos que se organizavam para os retirar. Um autêntico ping-pong de reações que foi crescendo em número e em mediatismo. Com as primeiras grandes ações, surgiram as primeiras polémicas.

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A mais recente aconteceu no sábado, quando um casal retirava laços amarelos da via pública de Barcelona. Um homem assistia à cena de longe e decidiu aproximar-se para os confrontar. Homem e mulher tentaram explicar as suas intenções mas a discussão foi subindo de tom e a mulher acabou por ser agredida, fraturando o nariz. O seu marido, militante do Ciudadanos, não saiu ferido do confronto.

Já a 17 de agosto, os Mossos d’Esquadra – a polícia municipal catalã – identificou um grupo de 14 pessoas que estava a retirar os laços amarelos das ruas de Tarragona, uma atitude que alguns especialistas consideram ter ultrapassado as competências daquela força de segurança. Anteriormente, a 22 de julho, em Vic, uma localidade de Barcelona, um carro entrou na praza principal para destruir uma derrubar um aglomerado de laços amarelos.

Já esta terça-feira, Albert Rivera e Inés Arrimadas, líder do Ciudadanos – Catalunha, juntaram-se a uma ação de retirada de laços na região de Maresme, na Catalunha. A própria Inês Arrimadas partilhou nas redes um vídeo dessa ação.

O caso tem atraído cada vez mais atenção por parte dos principais políticos de Espanha. A atenção que os liberais espanhóis têm dedicado a este tema já motivou reações dos principais adversários políticos, que acabar<m por mediatizar ainda mais o caso.

Pablo Echenique, uma das mais mediáticas figuras do Podemos, recorreu à ironia para provocar o partido liberal. “Ainda bem que o principal problema de Espanha é pôr e retirar laços”, já que se fosse para falar “do desemprego” ou das “faturas da eletricidade” o partido de Rivera “não serviria para nada”, escreveu.

A polémica em torno dos laços amarelos começou em ponto pequeno e já se tornou num caso nacional que a cada dia conhece novos episódios como quando distribuíram cruzes amarelas numa praia em representação dos polémicos laços independentistas.

Catalunha. A história das cruzes amarelas nas praias que já provocaram confrontos, insultos e feridos