Mais de cinco milhões de crianças estão em risco de fome no Iémen, devido à guerra, responsável pela subida do preço dos alimentos e do petróleo por todo o país, anunciou a organização não-governamental Save The Children. A Save The Children anunciou, esta quarta-feira, num comunicado que a interrupção no fornecimento de alimentos que chegam à cidade de Hodeida, o principal porto do país e porta de entrada de 80% da ajuda humanitária, pode “provocar a fome a uma escala sem precedentes”.
À medida que o preço dos alimentos vão subindo e a moeda desvaloriza, estima-se que mais um milhão de crianças estão em risco de fome, a juntar aos já existentes 5,2 milhões. Qualquer tipo de clausura que se imponha ao porto de Hodeida “irá pôr em risco centenas de milhares de crianças, enquanto milhões de outras sofrem risco de fome”, lê-se no comunicado.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) alertou esta quarta-feira num comunicado para a necessidade de novos pontos de entrada da ajuda humanitária no Iémen para evitar a fome no país em guerra, uma vez que há um “risco real” de o porto existente ser danificado ou fechado.
As forças da coligação internacional liderada pela Arábia Saudita e do Governo do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi retomaram na segunda-feira a ofensiva contra a cidade de Hodeida, sob controlo dos rebeldes Huthis, ajudados pelo Irão.
“Milhões de crianças não sabem quando ou se virá a próxima refeição. Num hospital que visitei no norte do Iémen, os bebés estavam demasiado fracos para chorar, com o corpo exausto devido à fome”, afirmou Helle Thorning-Schmidt, presidente da organização Save the Children, acrescentando: “esta guerra põe em risco a morte de uma geração inteira de crianças, que enfrenta diversas ameaças, desde ataques de bomba e fome a doenças como a cólera”.
O PAM avisa desde outubro de 2017 que, além dos combates e dos ataques aéreos, os alimentos se tornaram “uma arma de guerra” no Iémen. O conflito, iniciado em meados de 2014, já causou mais de 10.000 mortos e 56.000 feridos, bem como “a pior crise humanitária no mundo”, segundo a ONU.