A defesa de Louise Turpin alega que a arguida foi diagnosticada com um transtorno mental e pediu ao juiz que o caso fosse transferido para um tribunal de saúde mental para que Louise integrasse um programa de reabilitação. Os pais que acorrentaram os 13 filhos na própria casa ao lomgo de vários anos voltaram esta sexta-feira a tribunal, quase nove meses depois de terem sido detidos.
Os atos subjacentes às acusações foram motivados ou causados por um distúrbio mental“, argumentou o advogado Jeff Moore.
O advogado de Louise Turpin alega que a sua cliente foi diagnosticada com um transtorno de personalidade histriónica —um transtorno que se caracteriza por um padrão de emoção excessiva e a necessidade de estar no centro das atenções —, informou a Procuradoria Geral do Condado de Riverside, num comunicado citado pela Associated Press.
O tribunal de Riverside recusou o pedido da defesa para a integrar num programa de saúde mental e “representar um risco injustificado para o público”, pode ler-se no comunicado. Trata-se de um programa de reabilitação que pode durar até dois anos. Uma vez completado, pode contribuir para que os arguidos evitem possíveis condenações.
A senhora Turpin não representa uma ameaça para o público. Ela é passível de receber um tratamento num ambiente de prisão”, defendeu ainda Jeff Moore.
O juiz agendou uma nova sessão no tribunal para dia 30 de novembro. Nessa sessão deverá ser discutida a disponibilidade dos advogados e procuradores para o julgamento. Jeff Moore acredita que terá início em Fevereiro ou Março — mais de um ano depois de o caso ter sido descoberto —, revelou ao The Press-Enterprise.
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Pais que torturam filhos declararam-se inocentes pelos 88 crimes
O casal Turpin está indiciado, em conjunto, por 88 crimes — um número que podia ser maior se o juiz não tivesse deixado cair duas acusações de abuso de menores por considerar que a filha de dois anos, a mais nova, não apresentava sinais de agressão ou subnutrição. Cada um está, assim, indiciado por 12 crimes de tortura, sete de abuso contra um adulto dependente, oito de abuso de menores e 12 de sequestro. David está ainda indiciado por um crime de “ato obsceno contra uma das crianças” e oito de perjúrio. Louise está indiciada por mais um crime de agressão. O casal declara-se inocente por todos os crimes.
O caso foi descoberto no início do ano quando a filha de 17 anos, Jordan Turpin, salvou os outros 12 irmãos. Na madrugada do dia 14 de janeiro, a jovem conseguiu fugir e alcançar um telemóvel que encontrou em casa, através do qual ligou para a polícia.
Quando a polícia chegou à casa, este foi o cenário que encontrou: “Várias crianças acorrentadas às suas camas com correntes e cadeados, na escuridão e num ambiente com cheiros nauseabundos“, lia-se no comunicado emitido no dia seguinte. Todos os filhos, à exceção da menina mais nova, de 2 anos, estavam subnutridos. A vítima de 29 anos pesava 37 quilos. Uma das crianças de 12 anos tinha o peso de uma de 7.
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Os pais foram detidos e continuam em prisão preventiva. Os filhos, assim que foram libertados, foram alimentados e internados em dois hospitais diferentes. Só a 19 de março deixaram os hospitais onde estavam internados e foram colocados em três casas de acolhimento em Riverside — a mesma localidade onde viviam com os pais. Nenhuma casa tinha capacidade para albergar todos os irmãos juntos, mas estabeleceram contacto via Skype.