Mais de 10 mil camionistas portugueses estão a ser afetados pelos protestos em França contra o aumento das taxas de combustível, disse à Lusa o presidente da Associação de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias. “Esta segunda-feira de manhã cedo, a média de camionistas portugueses afetados pelo protesto era de dez mil, mas cerca das 10h30 já era muito superior a isso. Muitos camiões portugueses que saíram este fim de semana acabaram por ficar paralisados devido aos [protestos] dos ‘coletes amarelos'”, indicou Márcio Lopes.

Os “coletes amarelos” são um movimento cívico criado em França, à margem de partidos e sindicatos, criado espontaneamente nas redes sociais e que está contra o aumento dos impostos dos combustíveis e a diminuição do poder de compra. De acordo com o presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), os camionistas estão a ser afetados sobretudo pelos bloqueios que não permitem uma circulação normal.

A forma como estão a ser prejudicados tem a ver com o bloqueio dos camionistas nas estradas e não pelo bloqueio que está a ser feito em algumas bombas de gasolina. “Só 5% dos camionistas portugueses abastecem em França, os restantes fazem-no ou antes de entrar em França ou depois de sair”, disse.

Em Portugal, as transportadoras portuguesas estão a reivindicar o Contrato Coletivo de Trabalho, melhores condições e também o preço dos combustíveis, de acordo com o presidente da ANTRAM, que adiantou que membros da Associação Nacional de Transportadores Portugueses (ANTP) vão reunir-se esta segunda-feira com o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins para falar sobre os problemas do setor.

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Várias manifestações de “coletes amarelos”, que pretendem perpetuar o movimento contra o aumento das taxas de combustível, interromperam hoje o trânsito automóvel e bloquearam as bombas de combustíveis em toda a França.

Segundo relatam os jornalistas da Agência France Presse (AFP), marchas lentas e bloqueios, alguns dos quais foram mantidos durante a noite, persistiam esta segunda-feira de manhã nalgumas estradas periféricas pelo terceiro dia consecutivo de mobilização, marcado pelos primeiros bloqueios de postos de postos de abastecimento de combustível.

Mais de 400 pessoas ficaram feridas nos bloqueios organizados em França desde o fim de semana pelos “coletes amarelos” contra o aumento dos impostos dos combustíveis e a diminuição do poder de compra, segundo o Ministério do Interior francês.

Camionistas portugueses admitem seguir exemplo de protestos em França

O presidente da Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP) admitiu, em declarações à TSF, que seguir o exemplo dos protestos dos coletes amarelos em França é uma das opções em cima da mesa. “Dependendo das respostas [da reunião], temos muitos empresários revoltados que querem fazer algumas manifestações para o bem do setor”, disse Márcio Lopes, acrescentando que “provavelmente será este o princípio de que algo vai acontecer”.

“Da maneira com os empresários estão revoltados, não é fácil conseguir fazer com que as coisas ganhem caminhos normais”, alertou ainda o presidente da ANTP.

Franceses revoltados com preços do combustível. Quanto pagam na bomba (em comparação com Portugal)?

Nos bloqueios organizados em França pelos “coletes amarelos” contra o aumento dos impostos dos combustíveis e a diminuição do poder de compra, recorde-se, mais de 400 pessoas ficaram feridas, 14 em estado grave.

Camionistas ponderam avançar com formas de luta na ausência de respostas do Governo

A Associação Nacional dos Transportes Portugueses (ANTP) vai voltar a reunir-se com o Governo na terça-feira para debater os problemas do setor e garantiu avançar com formas de luta na ausência de respostas do executivo.

“A partir de [terça-feira] temos que dar resposta tanto a estes empresários como a outros que querem estar no setor e continuar a trabalhar pelo futuro deles e dos filhos”, disse o presidente da ANTP, Márcio Lopes, aos jornalistas, em Lisboa, depois de uma reunião no Ministério do Planeamento e das Infraestruturas.

De acordo com o responsável, ao contrário do que estava agendado, ausente da reunião esteve o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins. “Debatemos alguns temas que estavam em cima da mesa, [mas] não nos deram respostas àquilo que está ou estava a ser feito. Aquilo que ficou prometido é que a partir de [terça-feira] vamos reunir, novamente, vamos trabalhar na regulamentação do setor”, acrescentou.

Em cima da mesa vai continuar a estar a reivindicação do Contrato Coletivo de Trabalho, melhores condições de trabalho e ainda o preço dos combustíveis. “É possível que amanhã [terça-feira] consigamos ter respostas positivas, tudo depende do que o Governo queira fazer […]. Se não conseguirmos, a luta irá ser posta em prática, como era para ter sido hoje, se nós não conseguíssemos respostas do Governo”, vincou.

Segundo Márcio Lopes, a reunião desta terça-feira vai contar com a presença de Guilherme W. d’Oliveira Martins, do secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, e com uma representação da Autoridade Tributária.