O sul-coreano Kim Jong Yang é o novo presidente da Interpol. Eleito no congresso anual da organização internacional que promove e facilita a a cooperação entre autoridades policiais, no Dubai, Kim Jong Yang completará o mandato iniciado pelo chinês Meng Hongwei, que exercia a função (acumulando-a com a de ministro-adjunto da Segurança Pública na China) até se demitir face às suspeitas das autoridades chinesas de ter aceitado subornos de organizações do seu país. O mandato termina em 2020.
No congresso que juntou representantes de autoridades policiais dos 194 Estados-membro da Interpol, o sul-coreano, que até aqui tinha função de vice-presidente sénior do comité executivo da organização, foi mais votado que o candidato russo ao cargo, Alexander Prokopchuk, inicialmente considerado o grande favorito. As suspeitas de que o antigo ministro do Interior russo Prokopchuk pudesse usar o cargo para monitorizar e perseguir inimigos políticos do presidente do seu país, Vladimir Putin, fizeram-no perder a vantagem inicial e ser preterido por Kim Jong Yang.
As críticas à possibilidade do russo Prokopchuk ser nomeado presidente da Interpol subiram de tom esta segunda-feira, quando um grupo de senadores norte-americanos com representantes dos dois partidos (Republicano e Democrata) publicaram uma carta aberta onde alertavam para os perigos de nomear um candidato com ligações a Putin.
No seguimento da carta dos senadores norte-americanos (na qual se lia que nomear Prokopchuk equivalia a “pôr uma raposa no comando de um galinheiro”), o Governo dos Estados Unidos da América anunciou que apoiava Kim Jong Yang para o cargo. O secretário de imprensa de Vladimir Putin, Dmitry Peskov, acusou os senadores norte-americanos de tentarem “interferir no processo eleitoral de uma organização internacional”.
New statement from bipartisan bunch (Shaheen, Wicker, Coons, Rubio) calling on Trump to oppose Russian Alexander Prokopchuk’s bid to head Interpol pic.twitter.com/zumXfKLWaJ
— Andrew Desiderio (@AndrewDesiderio) November 19, 2018
Também o membro do parlamento europeu e antigo primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt tinha expressado a sua preocupação quanto à possibilidade de Prokopchuk ser escolhido para presidente da Interpol. O político belga escreveu mesmo na sua conta oficial no Twitter que se tal acontecesse “os países democratas e livres poderiam precisar de desenvolver uma organização paralela” à Interpol, já que o país de Vladimir Putin “tem usado constantemente” a organização para “perseguir adversários políticos”.
Já numa reação posterior à nomeação de Kim Jong Yang como novo presidente da Interpol, um porta-voz russo citado pela agência de notícias Interfax, Dmitry Peskov, lamentou que o candidato russo não tivesse vencido, notou “uma clara pressão externa” de outros países sobre a eleição mas admitiu no entanto não encontrar fatores que pudessem tornar o ato eleitoral ilegal.
Embora o funcionamento diário da Interpol dependa sobretudo da ação do seu secretário geral, que atualmente é o alemão Jurgen Stock, o presidente tem poderes de supervisão e influência na organização.
No congresso da Interpol no Dubai, foi também eleito para vice-presidente regional da Interpol para as Américas o argentino Nestor R. Roncaglia, mandatado para um período de três anos de exercício do cargo.
INTERPOL Executive Committee: Néstor R. Roncaglia of #Argentina has been elected Vice President for the Americas (3-yr term).#INTERPOLGA pic.twitter.com/nuSmPGbKWh
— INTERPOL (@INTERPOL_HQ) November 21, 2018