O sul-coreano Kim Jong Yang é o novo presidente da Interpol. Eleito no congresso anual da organização internacional que promove e facilita a a cooperação entre autoridades policiais, no Dubai, Kim Jong Yang completará o mandato iniciado pelo chinês Meng Hongwei, que exercia a função (acumulando-a com a de ministro-adjunto da Segurança Pública na China) até se demitir face às suspeitas das autoridades chinesas de ter aceitado subornos de organizações do seu país. O mandato termina em 2020.

No congresso que juntou representantes de autoridades policiais dos 194 Estados-membro da Interpol, o sul-coreano, que até aqui tinha função de vice-presidente sénior do comité executivo da organização, foi mais votado que o candidato russo ao cargo, Alexander Prokopchuk, inicialmente considerado o grande favorito. As suspeitas de que o antigo ministro do Interior russo Prokopchuk pudesse usar o cargo para monitorizar e perseguir inimigos políticos do presidente do seu país, Vladimir Putin, fizeram-no perder a vantagem inicial e ser preterido por Kim Jong Yang.

As críticas à possibilidade do russo Prokopchuk ser nomeado presidente da Interpol subiram de tom esta segunda-feira, quando um grupo de senadores norte-americanos com representantes dos dois partidos (Republicano e Democrata) publicaram uma carta aberta onde alertavam para os perigos de nomear um candidato com ligações a Putin.

No seguimento da carta dos senadores norte-americanos (na qual se lia que nomear Prokopchuk equivalia a “pôr uma raposa no comando de um galinheiro”), o Governo dos Estados Unidos da América anunciou que apoiava Kim Jong Yang para o cargo. O secretário de imprensa de Vladimir Putin, Dmitry Peskov, acusou os senadores norte-americanos de tentarem “interferir no processo eleitoral de uma organização internacional”.

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Também o membro do parlamento europeu e antigo primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt tinha expressado a sua preocupação quanto à possibilidade de Prokopchuk ser escolhido para presidente da Interpol. O político belga escreveu mesmo na sua conta oficial no Twitter que se tal acontecesse “os países democratas e livres poderiam precisar de desenvolver uma organização paralela” à Interpol, já que o país de Vladimir Putin “tem usado constantemente” a organização para “perseguir adversários políticos”.

Já numa reação posterior à nomeação de Kim Jong Yang como novo presidente da Interpol, um porta-voz russo citado pela agência de notícias Interfax, Dmitry Peskov, lamentou que o candidato russo não tivesse vencido, notou “uma clara pressão externa” de outros países sobre a eleição mas admitiu no entanto não encontrar fatores que pudessem tornar o ato eleitoral ilegal.

Embora o funcionamento diário da Interpol dependa sobretudo da ação do seu secretário geral, que atualmente é o alemão Jurgen Stock, o presidente tem poderes de supervisão e influência na organização.

No congresso da Interpol no Dubai, foi também eleito para vice-presidente regional da Interpol para as Américas o argentino Nestor R. Roncaglia, mandatado para um período de três anos de exercício do cargo.