O primeiro-ministro considerou esta terça-feira “um dos maiores mitos urbanos” a ideia da sua alegada proximidade política com o presidente do PSD e afirmou sentir uma deriva para o radicalismo em certos setores da direita portuguesa.

António Costa assumiu estas posições numa entrevista concedida em Lisboa ao jornalista Luís Osório, integrada no ciclo de conferências do grupo de turismo PortoBay, intitulado “30 pessoas e um país”. Questionado sobre como tinha recebido a notícia do desafio à liderança do PSD, cuja atual situação interna se recusou a comentar, lançado na sexta-feira pelo antigo líder parlamentar Luís Montenegro, Costa disse que não ouviu esse discurso porque estava “a trabalhar”.

Já sobre a razão que não o levou a ver mais tarde, eventualmente em casa, a transmissão televisiva da conferência de imprensa de Luís Montenegro, o primeiro-ministro respondeu: “O resumo que li na imprensa não me estimulou”. Logo a seguir, António Costa foi interrogado sobre a sua alegada proximidade política com o atual presidente do PSD, Rui Rio. O secretário-geral do PS considerou, porém, que essa ideia “é um dos maiores mitos urbanos que foram criados na sociedade portuguesa e que assenta, basicamente, no facto de haver uma boa relação pessoal”.

“Conhecemo-nos na Assembleia da República, onde tivemos relações cordatas. Depois, durante vários anos, coincidimos eu como presidente da Câmara de Lisboa e ele como presidente da Câmara do Porto – período em que tentámos fazer uma ponte muito forte entre as duas cidades. Naturalmente, como presidentes de câmara, tínhamos pontos de vista muito semelhantes sobre matérias a negociar com o Governo ou sobre a política de cidades, desde os transportes, à habitação, passando pela descentralização”, justificou António Costa.

Apesar de ter considerado que seria “deselegante” comentar a situação interna atual do PSD, o primeiro-ministro manifestou alguma preocupação face à evolução do espaço político da direita. “Sinto que grande parte das movimentações que existem à direita, quer com a criação da Aliança do doutor Santana Lopes, quer a emergência daquele partido do André Ventura, quer, ainda, parte da luta interna do PSD e uma deriva hesitante do PP [ou seja, CDS-PP] relativamente ao populismo, acho há ali à direita gente que sente que, se calhar, devia acompanhar uma certa onda que existe em outros países”, referiu.

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