A Huawei é sinónimo de smartphones e infraestruturas de rede, mas também de conflitos diplomáticos. Em suma, é uma empresa grande. Tão grande que até tem uma subsidiária, a Honor, que tem smartphones que concorrem com a própria Huawei. Esta sexta-feira, esta subsidiária lançou um novo topo de gama inovador, mas na conferência de imprensa do presidente da Honor com jornalistas de todo o mundo, não faltaram perguntas sobre as redes 5G e as acusações de espionagem da ’empresa-mãe’.
Somos uma marca para consumidores e podemos ver que, nos anos passados, não mudamos nenhuma das regras e seguimos a lei local de cada país. Seguimos o princípio de segurança de todos os países. Não planeamos que vá ser fácil [a expansão]. Acredito que vamos fazer o nosso melhor esforço”, disse George Zhao em resposta ao Observador sobre como é que a Honor planeia ser uma das principais marcas mundiais quando a Huawei tem encontrado obstáculos políticos.
O dia para a Honor era sobre o lançamento global do topo de gama, o View20, mas não faltaram perguntas sobre o propósito da empresa que foi criada pela Huawei a pensar no público jovem. “A Honor é a resposta da Huawei para a Xiaomi [outra empresa chinesa que fabrica smartphones mais baratos do que a concorrência]?”, perguntou um jornalista. George Zhao respondeu: “Os media gostam de nos pôr juntos, mas agora temos um público alvo mais vasto e queremos ser uma das 5 principais marcas mais vendidas do mundo [a segunda é a Huawei]”.
Quanto ao facto de a marca que, desde 2011, começou com vendas online e equipamentos mais baratos estar ligada aos receios que são levantados em relação à Huawei, George Zhao relativiza o problema sem esquecer quem detém a empresa.“A Honor pertence ao grupo Huawei, no futuro vamos estender o nosso portefólio, mas vamos aproveitar os benefícios da Huawei”, afirma. À semelhança daquela que tem sido a posição oficial da empresa, o executivo diz que “tem um principio: obedecer à lei”, lembrando uma altura, em 2012, em que esteve a trabalhar em Madrid, mostrando que conhece o mercado europeu há vários anos.
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Em todas as questões sobre o papel da tecnológica chinesa que detém a Honor, Zhao respondeu sempre defensivamente. O motivo parece válido num momento em que, ainda esta terça-feira, o presidente do conselho de administração da Huawei reiterou no Fórum Económico Mundial em Davos que a atual guerra comercial pode levar a cessar parcerias. Para Portugal, estes comentários são relevante, porque a Huawei vai, com a Altice, construir infraestruturas de rede 5G, as próximas ligações de alta velocidade que vão substituir as de 4G.
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No final da “entrevista de grupo”, como lhe chamou a empresa (eram cerca de 80 jornalistas na sala, o termo a utilizar é conferência de imprensa), Zhao agradeceu aos presentes por se juntarem ao lançamento de mais um equipamento da Honor. Segundo o presidente, é em momentos como esse que a empresa pode tentar ganhar confiança.
Objetivo da Honor em Portugal? “Chegar aos 5% de quota de mercado”
Desde o final de 2018 que a Honor lançou um plano de expansão em Portugal “em simbiose com a Huawei” para vender mais equipamentos no país. Ao Observador, Cheng Ke, responsável da empresa para Portugal, afirmou que “até daqui a dois anos o objetivo é conseguir 5% da quota de mercado de smartphones no país”.
Em 2016 e 2017 já era possível adquirir em Portugal estes equipamentos da marca da Huawei direcionada para o público jovem. Contudo, o negócio era apenas online para manter preços competitivos (era a estratégia de negócio da Honor, que não costuma ter lojas físicas). Agora, a Honor tem uma “equipa dedicada para vendas e marketing no país”, apesar de partilhar escritórios e alguns serviços da Huawei. “A equipa de desenvolvimento, logística, jurídica e financeira é a mesma na sede global”, explica Ke.
Sobre polémicas que a empresa mãe enfrenta a nível internacional, Ke não faz comentários e afirma que, para a Honor, “isso são assuntos para a Huawei global”. Agora o objetivo é continuar a expandir esta nova marca no país. Os primeiros resultados parecem ser promissores: em “apenas dois meses”, já estão a operar com os “principais distribuidores locais”. A ajuda da equipa que já estava no país parece ter sido crucial, mas a marca vai fazer por se tentar distinguir da Huawei através dos produtos e do marketing.
*O Observador esteve no evento de lançamento do View20 a convite da Honor