O “único interlocutor” do Parlamento Europeu (PE) na Venezuela é o Presidente da Assembleia Nacional e autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, disse esta quarta-feira o líder da assembleia europeia, Antonio Tajani, na abertura da sessão plenária em Bruxelas. O parlamento europeu deverá reconhecer Guaidó como “presidente interino legítimo” da Venezuela já a partir desta quinta-feira.

“O Parlamento Europeu reconhece o senhor Guaidó como presidente interino legítimo da República Bolivariana da Venezuela, segundo o artigo 233 da sua Constituição, e expressa apoio total ao seu rumo”. É este o texto de uma resolução proposta pelo Partido Popular Europeu (PPE), que terá apoio suficiente dos vários grupos parlamentares para ser aprovada, segundo o El Mundo.

O Parlamento Europeu antecipa-se assim a Espanha, Alemanha, França, Reino Unido e portugal, que no sábado passado deram oito dias a Nicolás Maduro para marcar eleições presidenciais. Caso o chefe de Estado venezuelano mantenha a intransigência, estes países reconhecerão em definitivo Guaidó como presidente legítimo (ainda que interino) do país. Os EUA apoiam explicitam Juan Guaidó.

“Guaidó é o nosso único interlocutor”

“Falei ao telefone com o Presidente Guaidó, o nosso único interlocutor, para lhe assegurar o apoio do PE”, disse Tajani, num discurso em espanhol. O político italiano aludiu ainda ao reconhecimento internacional à proclamação de Guaidó, que qualificou como sustentada nas normas constitucionais venezuelanas.

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“Lamentavelmente, a situação piorou e chegou a um ponto de não retorno”, disse Tajani, acrescentando que, se não houver uma alteração muito em breve, haverá um agravamento com consequências para a região. Tajani reiterou que o PE foi a primeira instituição a denunciar as violações de direitos humanos e a pedir sanções contra o regime, além de ter galardoado a oposição na Venezuela com o prémio Sakharov para a liberdade de pensamento em 2017.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro. Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos. A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram, sexta-feira, ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 35 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais. Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU. Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.