O Papa Francisco afirmou esta terça-feira que o Vaticano está disponível para tentar resolver a crise política na Venezuela se as duas partes do conflito assim o desejarem. Após confirmar que Nicolás Maduro lhe tinha enviado uma carta a pedir mediação na guerra, o líder da Igreja Católica admitiu que pode intervir em prol da paz no país: “Vou ler a carta e ver o que pode ser feito, mas a condição inicial é que ambos os lados peçam por ela [a mediação]. Nós estamos à disposição”.
A tomada de posição do Papa Francisco foi declarada em conversa com os jornalistas a bordo do avião que o leva de regresso a Itália após a histórica viagem aos Emirados Árabes Unidos. De acordo com o sumo pontífice, o Vaticano pode ajudar a restabelecer a paz na Venezuela, mas só intervém depois de postas em prática “medidas preliminares para tentar aproximar” as duas partes do conflito.
No entanto, o pedido de ajuda enviado por Maduro ao Papa Francisco não é inocente, acreditam os especialistas, segundo a agência Reuters. A intervenção de outras entidades na tentativa de motivar um diálogo entre o ditador e os opositores, incluindo uma tentativa por parte do Vaticano, nunca chegou a bom porto. E a carta enviada por Maduro ao sumo pontífice pode servir apenas para “controlar os protestos e comprar tempo”, dizem as fontes da agência.
Ainda esta segunda-feira, numa entrevista ao canal de televisão italiano SkyTG24, Nicolás Maduro revelou que tinha enviado uma carta ao Papa Francisco acerca do conflito na Venezuela: “Enviei uma carta ao Papa Francisco. Disse-lhe que estou a serviço da causa de Cristo (…) e, nesse espírito, pedi a sua ajuda no processo de facilitação e de reforço do diálogo”. E acrescentou: “Pedi ao Papa para fazer os seus maiores esforços, para nos ajudar no caminho do diálogo. Espero receber uma resposta positiva”.
Nesse dia, o Papa estava numa reunião internacional inter-religiosa nos Emirados Árabes Unidos. Entretanto, vários países europeus — incluindo Portugal — também reconheceram esta segunda-feira o opositor e líder da Assembleia Nacional Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, mas deram-lhe o dever de marcar eleições democráticas em breve. A decisão levou Maduro a pedir à União Europeia para “não ser arrastada pelas loucuras de Donald Trump”.